O tema da renovação do estádio para o Campeonato Europeu de 2004 foi pautado por diversas polémicas e várias querelas entre o líder autárquico, António Magalhães, e a direcção vitoriana liderada por António Pimenta Machado.
Porém, uma das maiores bombas desta história haveria de estourar em Janeiro de 2001, quando Magalhães ouvido na Comissão de Acompanhamento do Euro 2004 na Assembleia da República, procedeu a um conjunto de declarações que em muito desgostaram as hostes vitorianas.
Assim, como escreveu o jornal Povo de Guimarães de 26 de Janeiro de 2001, "Segundo as regras estabelecidas pelo contrato-programa assinados pelos clubes de futebol, autarquias e administração central, os clubes deveriam suportar 65% dos custos dos projectos de renovação ou construção dos estádios. O restante financiamento seria assumido pelas autarquias (10%) e pelo Governo (25%)." Porém, surpreendentemente, em Guimarães, a autarquia decidiu assumir a responsabilidade do pagamento que cabia ao Vitória, pagando em vez dos 620 mil contos esperados, cerca de 2 milhões. Tal decisão seria justificada "porque também há uma piscina pelo meio que também veio para a posse da Câmara Municipal", afirmando que, por isso, procurou facilitar a vida ao clube.
Porém, se até este momento, as declarações vertidas, apesar de conterem a explicação de uma decisão tida como polémica, a verdade é que não suscitaram a indignação pública que se seguiria. Com efeito "instado a explicar os motivos pelos quais a edilidade decidiu, em 1991, alienar o estádio municipal e a esclarecer qual o modelo de gestão do estádio que iria ser adoptado depois deste ser renovado com dinheiro dos contribuintes, afirmou que em 1991 cedemos o estádio ao Vitória Sport Clube por 1000 contos, porque era impossível gerir o estádio municipal, trabalhando com a direcção do Vitória."
Daria para concretizar a (polémica) afirmação vários exemplos, como um orçamento de uma caldeira em que o clube apresentou um valor para pagamento muito acima daquele, prosseguindo "dizendo que havia jogadores que, das instalações, telefonavam para o Zaire, para a Bélgica e a Câmara tinha que arcar com esta responsabilidade.”
Acabaria a sua intervenção com uma tirada que, ainda, haveria de indignar mais os vitorianos ao dizer que "o Vitória tem um estádio muito bonito, tem um complexo desportivo dos melhores do país, mas a verdade é que aquilo é essencialmente obra da Câmara Municipal de Guimarães."
O Vitória, atendendo ao carácter do vertido, não se ficou. Reputando as declarações de infelizes, uma fonte do clube acrescentou que "talvez o Dr.António Magalhães tenha omitido propositadamente os verdadeiros motivos pelos quais decidiu assumir as obras".
Além do clube, várias personalidades se manifestaram. Luís Cirilo, o secretário-geral do clube por esses dias, também acrescentou que tais declarações pareciam-lhe "insinuações e suspeitas levantadas sobre a gestão do clube de forma absolutamente infeliz."
Cândido Capela Dias, deputado vimaranense da CDU, "afirmou que (...) o Dr. António Magalhães passou, de forma desnecessária, um atestado de desconfiança, sendo por isso lícito perguntar o que fez a autarquia em todos estes anos, em que negociou diversas vezes com o clube."
Por fim, Pedro Miguel Carvalho, líder do CDS, pediu a António Magalhães que confirmasse uma frase que "correra nos corredores" que Magalhães houvera proferido, mas que este desmentira. Esta atinha-se no facto de Magalhães ter dito que assumira as obras "por incompetência e incapacidade do presidente do Vitória para gerir o projecto."
Apesar da veemência do desmentido, Magalhães "não escapava às críticas da classe política vimaranense e da família vitoriana, por ter posto em causa a imagem do clube na Assembleia da República." A remodelação do estádio, contudo, ainda, haveria de conhecer mais episódios polémicos entre a autarquia e o Vitória... mas isso será outra história!