COMO LIXA "LIXOU" O ETERNO RIVAL, NAQUELA QUE FOI A EXIBIÇÃO DA SUA VIDA...

Aquela temporada de 1999/2000 era de reformulação...

Na verdade, o Vitória orientado por Quinito, procedera a uma profunda remodelação, deixando partir pesos pesados como Gilmar ou Vítor Paneira, para se centrar nas pérolas que despontavam da sua cantera, bem como em jovens que houvera descoberto pelo país. Ora, se nos primeiros contavam-se nomes como Fernando Meira, Pedro Mendes ou Rego, nos segundos um nome causava expectativas: Domingos Alexandrino Gomes, mais conhecido por Lixa.

Jovem extremo esquerdo, fora contratado ao Sintrense na temporada de 1997/98 para cumprir um ano de tirocínio em Felgueiras, ao lado de outros nomes vitorianos como os já citados Meira e Mendes, mas, também, Nuno Mendes, Mirandinha e Selmir.

Regressariam a Guimarães, nesse ano, Meira e Mendes, mas também Lixa, aquele menino que na cidade duriense era gozado por fintar tudo o que mexia... um talento de rua tão do agrado de Quinito, então apaixonado pelo improviso, pela magia, pela "joie de vivre" que a morte do filho, infelizmente, veio roubar.

Assim, arrancou o Vitória aquela temporada de 1999/2000 a jogar futebol champagne. Arrasador. Ainda que com alguns lapsos na finalização, o que lhe custou empates em Setúbal e na Amadora e uma sempre dolorosa derrota no Bessa, perante o Boavista.

Até que chegamos ao dia 17 de Outubro de 1999, a data em que o Vitória deslocou-se a Braga para enfrentar o eterno rival e, em que correspondendo ao clamor popular, Quinito lançou o jovem a titular, depois de ter partido a loiça nos minutos que jogara em casa frente ao Alverca.

Assim, a alinhar com Pedro Espinha; Evaldo, Fernando Meira, Alexandre, Kipulo; Paiva, Fredrik Söderström, Carlos Alvarez; Riva, Edmilson e Lixa, segundo o Notícias de Guimarães da data, "o jogo até nem começou nada bem para a turma de Quinito". A comprovar isso, o facto que "o Braga mantinha-se no meio campo do Vitória e aos 18 minutos a coisa ficava feia (...) com o árbitro a apontar uma grande penalidade por falta de Paiva sobre Tiago". Os arsenalistas colocavam-se em vantagem e assim haveriam de chegar ao intervalo.

Contudo, na segunda parte, teremos assistido a uma das mais extraordinárias exibições individuais de um jogador vitoriano nos últimos 30 anos. Lixa acordou! Fê-lo de modo violento e altissonante. Assim, seria dele o golo do empate, ainda que com a ajuda do defesa Odair, para pouco depois, voltar a ser protagonista, ao ser carregado em falta na área adversária, o que permitiu a Brandão, entretanto entrado em jogo, consumar a reviravolta na partida. Depois de Pedro Mendes, também lançado na peleja, ter feito o terceiro golo vitoriano e o Braga ter reduzido, Brandão apontaria o golo final, "após um excelente trabalho de Lixa".

O jovem carregara às costas o Vitória rumo ao triunfo e ao terceiro posto da tabela só atrás de Benfica e de Porto e sobre Lixa escrevia-se que "já ninguém duvida do valor deste jovem futebolista. Está-se a pautar como a grande revelação do futebol vitoriano e português. Trata-se de um diamante que está a ser lapidado e bem por Quinito, e começa agora a explodir ao serviço do Vitória (...)

O jovem começa a conquistar um lugar ao Sol no futebol nacional. É considerado por larga maioria dos críticos, inclusive treinadores, como uma das melhores promessas do nosso futebol. Tecnicamente é rápido e é dotado de um pé esquerdo fenomenal...um pequeno Paulo Futre". Infelizmente, as perspectivas de uma extraordinária carreira começariam a morrer no jogo seguinte, quando no campo empapado pela chuva do D. Afonso Henriques, no desafio frente ao FC Porto, chocou aos 40 minutos com Romeu, que haveria de se tornar, também ele, numa referência vitoriana. Lixa não mais jogaria essa época e jamais haveria de ser o que prometera... mas, aquela noite de Domingo em Braga, em que sozinho "lixou" o eterno rival ficará para a eternidade!

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