COMO PIMENTA QUIS MIL VEZES QUE CIRILO GANHASSE, NUMA RARA MANIFESTAÇÃO DE APOIO POLÍTICO PÚBLICO...

Estávamos em Outubro de 1999.

Portugal iria viver mais um período eleitoral com as eleições legislativas, em que o, então, primeiro-ministro, o socialista António Guterres, procurava obter um novo triunfo, tendo como principal oponente José Manuel Durão Barroso, o secretário-geral do PSD. Em Guimarães, falava-se em dois nomes: nos socialistas o bracarense Mesquita Machado e nos sociais democratas o vimaranense Luís Cirilo, sexto elemento da lista pelo distrito, escolhido após grande polémica a envolver Emídio Guerreiro que, apesar de indicado pela concelhia, seria ultrapassado pela opção da comissão distrital que decidiu apostar no, então, secretário geral vitoriano. Aliás, tal levaria a que a comissão política concelhia ficasse demissionária.

Por estar a viver-se esse período de rebuliço e, por na altura, o Complexo Desportivo vitoriano ser quase um ex-libris de infra-estruturas desportivas no país, as respectivas comitivas eleitorais, à excepção da referente à CDU, afadigavam-se em visitar as instalações vitorianas, de modo a procurarem seduzir o líder máximo vitoriano para apoiarem o respectivo partido. Como dizia, o Povo de Guimarães, "Pimenta Machado tem consciência disto mesmo. Sabe quanto pesa a sua palavra e ou o seu silêncio. Provavelmente, até engole alguns sapos, mas que nada que uns milhares não ajudem a digerir..."

Apesar disso e de toda a hospitalidade na recepção aos políticos que visitaram o Vitória, "a nenhum prometeu apoio público." Até resolver, como sempre gostou de fazer, escolher o melhor momento para aparecer para dar apoio a Luís Cirilo que na altura, também, era o secretário-geral do Vitória. Seria claro em afirmar que "espero e desejo que o Secretário Geral do Vitória obtenha um resultado à altura das suas capacidades, que são muitas. E isto porque acima dos interesses partidários está a amizade."

Mas, se estas palavras eram claras mas poucos ressonantes nas páginas dos jornais, Pimenta saberia como lá chegar ao dizer que "entre Luís Cirilo e Mesquita Machado quero mil vezes que Luís Cirilo ganhe. Aliás, não estou a ver os vimaranenses votarem Mesquita Machado."

Contudo, para demonstrar que tal não se atinha em preferências partidárias, haveria de colocar um socialista vimaranense na equação: "...mas devo acrescentar que se a luta fosse entre Luís Cirilo e o meu amigo vereador António Castro, então desejava que o resultado fosse ex-áqueo...."

No dia das eleições, a 10 de Outubro de 1999, o PS haveria de obter, no distrito, 44,3%, enquanto o PSD ficar-se-ia pelos 36,7%. No final ambos seriam eleitos, com os socialistas a conseguirem eleger oito representantes e os sociais-democratas sete... o apoio de Pimenta não seria suficiente para inverter a tradição socialista vimaranense!

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