Foi dos nomes que mais fez sonhar os vitorianos na década de 70...
Jorge Gonçalves chegou a Guimarães como craque, um grande craque, mas terá sido o protótipo do jogador infeliz. Um homem que rumou a Portugal, depois de alguns problemas com treinadores no Brasil, onde tinha um enorme cartel e que fruto das lesões nunca pôde ter a afirmação desejada.
Mas, comecemos pela maior dor de Jorge, segundo o próprio, em entrevista ao jornal do Vitória, no ano 2000, que passou pelo facto dos directores vitorianos terem-no impedido de regressar ao seu país natal, tal como estava estipulado.
Na verdade, segundo o próprio, quem o trouxe para Guimarães prometera-lhe tratar-se de um plano para poder regressar ao Brasil, livre, podendo escolher o seu destino. Tal não haveria de suceder, pois "Depois de eu ter jogado esse ano, já tinha clube para voltar a jogar no Brasil, mas não fui porque não me deram o meu passe. Por isso fui, enganado."
Haveria de regressa ao Brasil, mas, contudo, não seria para jogar. Seria para curar um dos seus maiores pesadelos, as lesões, sendo que uma delas o obrigou a "recuperar no Brasil, na minha equipa de sempre, o Flamengo. Nessa altura, o Flamengo queria que eu ficasse lá a jogar, mas o Vitória não deixou porque estava em mudança de direcção."
As lesões terão sido, aliás, o seu maior pesadelo. Depois de estrear-se pelos Conquistadores frente aos escoceses do Hibernian, em jogo europeu, na temporada de 1970/71, poucos jogos faria de Rei ao peito nesse ano, fruto de um terrível infortúnio.
Estávamos a 12 de Novembro de 1972 e o Vitória, já sob a orientação de Mário Wilson, deslocava-se ao Farense. O avançado haveria de apontar um golo logo no primeiro minuto da contenda, para depois sentir uma dor no joelho. Continuaria em campo e, ainda, jogaria mais sete jogos como se nada fosse, pois "nesse tempo não tínhamos médico nem massagista à altura. No princípio diziam-me que era menisco e, por isso, depois da lesão ainda joguei sete jogos, mas na verdade, a minha lesão era no ligamento."
Seria, assim, que as esperanças de tornar-se em lenda pereceriam... Jorge Gonçalves morreu em 2010, sempre a pensar, como todos os vitorianos, no que poderia ter sido...