COMO AQUELE INÍCIO DE TEMPORADA, PARECEU INDICIAR UM ANO MAIS DIFÍCIL DO QUE O DESEJADO, APESAR DO OPTIMISMO INICIAL DE JORGE VIEIRA...

A temporada de 1970/71 era um ano de esperança para as cores vitorianas.

Na verdade, o novo presidente Antero Henriques da Silva Júnior quis encetar o seu mandato do modo mais afirmativo possível e não teve dúvidas. Resgatou o treinador brasileiro, Jorge Vieira, que duas temporadas antes houvera conquistado o primeiro terceiro lugar da história do clube e que, por isso, suscitava grandes esperanças nos adeptos.

Porém, terá olvidado o essencial que passava pelo rejuvenescimento de uma equipa que vivera uma década de êxitos, de afirmação e de descoberta europeia. Por isso, o conjunto que naquele dia 13 de Setembro de 1970 entrou no relvado do belíssimo estádio do Restelo era um conjunto composto por combatentes de muitas batalhas, com muitos quilómetros nas pernas e com uma média de idades a roçar os 28 anos.

Assim, a equipa composta por Rodrigues; Costeado, Manuel Pinto, Joaquim Jorge, Silva; Bernardo da Velha, Peres, Osvaldinho; Zezinho, Ademir e Mendes, "andou desconexa, quase nunca dominando a situação, permitindo iniciativa ao seu adversário.", como reconhecia o jornal Notícias de Guimarães de 19 de Setembro desse ano. Além disso, a infeliz tarde do guardião Rodrigues, que a mesma publicação denominava de desfasado, pois "todos os golos que sofreu, aparentaram-se de frangos." Pior do que isso, a equipa ficou em desvantagem logo aos 4 minutos, para no início da segunda metade sofrer mais dois golos, ficando a perder por três bolas a zero, de pouco valendo o tento de Artur da Rocha, entrado em campo para o lugar de Manuel Pinto, a reduzir as distâncias.

Uma exibição tão descolorida que o jornal A Bola de 14 de Setembro considerou ter-se tratado de um "Vitória de defeso" e que o Belenenses parecia ter mais jogadores em campo.

Jorge Vieira, esse, continuava tranquilo, afirmando que "... jogámos pouco porque não nos foi possível fazer a indispensável rodagem, mas contra o Angouleme (o jogo seguinte a contar para a 1ª eliminatória da Taça das Cidades com Feira) a exibição já será mais positiva." Reforçava o seu optimismo, dizendo que "continuo convencido que isto aqui não quis dizer nada. Foi só por a equipa ainda não estar rodada. Vamos melhorar, pois claro..."

Infelizmente, enganar-se-ia. Apesar de ter eliminado o adversário gaulês nas competições europeias, só haveria de conhecer o primeiro (e único) triunfo da sua segunda passagem por Guimarães à sétima jornada, frente ao Varzim, para abandonar o comando da equipa após a décima oitava, depois de ter empatado com o Leixões. A primeira impressão não tinha enganado e a equipa iria ter de sofrer para se salvar do cadafalso da despromoção, mas isso será outra história...

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