COMO GRAÇA OLIVA FEZ MANUEL JOSÉ PERDER A CABEÇA, PREJUDICANDO OS INTERESSES VITORIANOS E FAZENDO COM QUE OS CONQUISTADORES CONTINUASSEM NA SENDA DAS DERROTAS...

Aquela temporada de 1982/83 começara de modo animador com o triunfo em Braga no derby eterno. Todavia, essas esperanças atenuar-se-iam com a surpreendente derrota em casa perante o SC Espinho, o que fazia com que aquele jogo no Bessa fosse uma espécie de tira-teimas, um sim ou sopas relativamente à capacidade de uma equipa que desejava ir à Europa, aproveitando as bases deixadas por José Maria Pedroto.

Porém, naquele 04 de Setembro de 1982, os Conquistadores, para além da valia adversária, teriam de se a ver com outro adversário. Falamos do juiz lisboeta, Graça Oliva que, segundo o jornal A Bola, teve papel decisivo no resultado final, levando mesmo o treinador vitoriano, Manuel José, a considerar que tinha-se tratado de uma arbitragem desonesta, pois, segundo ele, "foi por de mais evidente a habilidade do sr. Graça Oliva. Anda a apregoar-se indisciplina dos futebolistas profissionais no presente campeonato. E ninguém repara nas actuações ambíguas de juizes como este. Ainda na semana passada ficaram por marcar, em Guimarães, duas grandes penalidades contra o Espinho. Hoje, há uma duvidosa contra nós, que dá a vitória ao Boavista, e na que efectivamente não deixa dúvidas a ninguém, na segunda parte, fecha os olhos. (...) A direcção desta partida foi desonesta e tendenciosa. O Vitória continua a ser prejudicado. Sou levado a crer que as classificações e os resultados começam a ser feitos nos bastidores. A máfia recomeçou a sua actividade com consequências nefastas para nós. Toda a gente viu que o Boavista nunca nos foi superior. Mas o sr. Graça Oliva encarregou-se de nos derrotar."

Especifiquemos, ágora o que levaram a tão demolidoras declarações. Com efeito, a equipa composta por Silvino; Gregório Freixo, Amândio Barreiras, Murça, João Gouveia; Paquito, Abreu, Nivaldo, Laureta; Joaquim Rocha e Fonseca, segundo a publicação consultada, "foi o que se chama a melhor equipa, não merecendo, de modo nenhum ter perdido em jogo." Tal devia-se à sua superioridade "em termos da organização e harmonia da manobra colectiva realmente notável", em contraposição com o "futebol de medo" que muitas equipas praticavam, não se entregando "saudável e desinibidamente ao jogo."

A exibição dos Conquistadores merecia ainda mais elogios: "Praticando um futebol fluído, que escorre no campo, de trás para a frente, de um modo aliciante, convincente, consolado, até em certos momentos, embriagador, este Vitória de Guimarães mostrou, acima de tudo, uma grande qualidade que transcende aquilo a que se pode a rotina e a monotonia de certas equipas nacionais; não joga por carreirinhos, espalha o futebol pelo campo todo (...) e quando nesse transe, chamemos-lhe assim, a equipa joga lindamente, muito por influência de Nivaldo, com toda a sua gama de soluções e de mudança de jogo."

Com uma exibição tão extraordinária, o Vitória acabaria por perder. Sê-lo-ia, graças à cobrança de uma grande penalidade, transformada por Rui Palhares e que levou a que o treinador Manuel José "partisse a louça" nos termos já especificados. Aliás, tal seria corroborado pela cronista da Bola ao escrever que "a desgraça da partida ir ficar para a história como um desafio de critério duplo e critério dúbio quanto a dois penaltis: um a favor da equipa da casa que o árbitro marcou depois de uma fracção de segundos de hesitação e outro a favor da equipa visitante que os desta considerarão, pura e simplesmente, ter sido escamoteada. (...) Por nós, com toda a franqueza e toda a humildade, queremos dizer que vimos melhor o penalty assinalado contra o Vitória de Guimarães e menos bem, se quiserem, o outro (se o houve), contra a equipa da casa."

E o Vitória perdia mais dois pontos...ainda que no final da temporada fizesse a festa do regresso europeu, mas isso já será outra história.

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