COMO CELU, TRAZIA EM SI TODOS OS SONHOS DO MUNDO, QUE JAMAIS HAVERIA DE CONFIRMAR... OU O PRIMEIRO BRASILEIRO QUE NÃO SE AFIRMOU NO VITÓRIA

Todas as temporadas as contratações vitorianas desencadeiam uma incontida esperança nos adeptos. Acredita-se que farão a diferença, que ajudarão a equipa a chegar aos lugares mais altos da tabela, que serão pedras de toque nos esquemas gizados pelos treinadores.

Tal era, também, o caso de José Marcelino Andrade Azevedo, que no mundo do futebol era conhecido por Celu. Chegado a Guimarães no início da temporada de 1959/60, trazia consigo um mar de expectativas, quanto mais não fosse pelo facto de, até então, todos os atletas canarinhos terem sido uma história de sucesso no clube, não falássemos de Ernesto, Edmur, Carlos Alberto e Caiçara.

Aliás, tal era comprovado pela reportagem do jornal A Bola de 29 de Outubro de 1959 que escrevia que "a primeira pergunta que surge é esta: será bom ou não presta? Ora, tratando-se do Vitória de Guimarães, pode afirmar-se sem receio de desmentido que a importação de mais este futebolista do país irmão representa, pela certa, dinheiro em caixa. Recordar, para exemplo e ilustração da nossa afirmação: Ernesto...Edmur... Carlos Alberto... Caiçara..."

A reforçar essa esperança, o facto de "foi o sr. António Pimenta, um português da cidade da Fundação, que há tempos vive no Recife e que, devidamente, tem dedo para avaliar e aliciar material futebolístico de grande quilate."

Aliás, à sua chegada a Lisboa, carregado com o "negócio do Edmur”, como dizia, ou ser presentes para o seu futuro colega de equipa, proveniente de terras de Vera Cruz, parecia que, novamente, o observador vitoriano não se tinha enganado. "Vivo, desembaraçado, José Marcelino Andrade de Azevedo tem pinta de jogador..."

AÍ, aos jornalistas explicaria a estranha alcunha: " foi papai quem inventou esse sobrenome. Desde "minino" de berço que sou assim tratado."

Mais dizia que já tinha jogado com os outros brasileiros do plantel e prometia jogar entre Edmur e Carlos Alberto no onze vitoriano, dotando-o de ainda maior poder de fogo.

Seria uma mera ilusão. Seria utilizado em 11 partidas durante a temporada. Apesar de marcar na sua estreia a 22 de Novembro, no tranquilo triunfo por três bolas a zero frente ao Académico de Viseu e apontado um hat-trick na goleada por seis bolas a uma frente ao Académico de Viseu, pouco mais faria.

Ainda teria a oportunidade de permanecer na época seguinte no clube, ainda que só sendo aposta em dois jogos.

Nem sempre o "Pimenta do Brasil" acertou e nem sempre as expectativas se concretizam...é futebol e o Vitória, também, sofre desilusões no que a contratações diz respeito e Celu foi o primeiro brasileiro a ficar aquém do que se esperava e se desejava.

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