COMO CARLOS ALBERTO PASSOU DA GENIALIDADE À CRÍTICA EM POUCO TEMPO... NO FUNDO, COMO MUITOS PREDESTINADOS DE REI AO PEITO

Carlos Alberto  chegara ao Vitória no início da época de 1958/59, a do regresso do Vitória à Primeira Divisão.

Proveniente do Brasil, a todos encantara nesse ano, formando parte de um núcleo ofensivo capaz de colocar a cabeça em água a qualquer reduto contrário. O brasileiro, tão genial quanto indolente, seria, ainda assim, autor de dez tentos num campeonato em que a equipa comandada por Mariano Amaro haveria de terminar num belo quinto posto, apenas atrás dos quatro emblemas mais cotados da altura: os três de sempre e o Belenenses.

Porém, na época seguinte, a que marcou a chegada do internacional brasileiro Edmur ao Castelo, tudo mudaria para Carlos Alberto. A genialidade deu lugar, segundo os adeptos, à indolência. As diatribes com a bola outrora tão apreciadas passaram a ser sinónimo de exacerbado individualismo e até a imprensa vimaranense que admirava a inusitada técnica do brasileiro começou a perder paciência com ele.

Bastará analisar o Notícias de Guimarães de 11 de Outubro de 1959, em que se fazia a crónica de um robusto triunfo por cinco bolas a uma sobre o Boavista, mas que o talentoso jogador foi arrasado. Assim, escrevia-se que "Carlos Alberto complicativo, egoísta, esquecendo os interesses da equipa para se perder em mais uma finta ou drible, procurando mesmo a ocasião de os repetir, ainda que para tal houvesse de vir atrás chamar o adversário já batido, como o espada que no toureio persegue o touro para o capear a todo o custo, forneceu-nos o exemplo de como não deve jogar um interior de equipa (...) enquanto Edmur foi a base de todo o bom futebol exibido pelo Vitória, Carlos Alberto foi uma das maiores sombras que em largos períodos empalideceu esse futebol."

Uma crónica arrasadora, logo à terceira jornada do futebol e que haveria de encetar um longo período de críticas ao jogador e que culminaram na sua partida rumo ao Salgueiros.

No fundo, na nossa história quantos génios incompreendidos tivemos... e quantas vezes em tantas tardes nos tiraram do sério....

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