Estávamos na fase decisiva do campeonato distrital, na altura já chamado Campeonato do Minho de 1945/46...
Por isso, aquele Clássico do Minho entre SC Braga e Vitória SC gerou um entusiasmo nunca visto , o que levava a revista Stadium de 24 de Outubro de 1945 a escrever que "se havia, ainda incrédulos no que respeita ao interesse que o futebol desperta nas multidões, que, de semana a semana, invadem os campos desportivos, estamos convencidos que a jornada de Braga, em que se defrontaram, mais uma vez, os eternos rivais Sporting de Braga e Vitória de Guimarães, converteu todos aqueles que eram atacados dessa incredulidade."
Com efeito, o jogo levou a que "a casa estivesse à cunha", levando a "um movimento invulgar na vida citadina". A um movimento e a um entusiasmo já que "a semana que precedeu o jogo foi o assunto de todas as conversas, quer em Braga, quer em Guimarães. Fizeram-se apostas avultadas e reinava incerteza quanto ao vencedor. A procura de bilhetes começou cedo e já no Sábado se pagavam bancadas a 100$00, pois os especuladores souberam aproveitar a oportunidade de tão invulgar interesse".
Tal interesse desmesurado na partida "encaminhou para o futuro Estádio 28 de Maio uma avalanche de desportistas, calculada em 15.000 pessoas".
Com o Vitória a alinhar com Machado; Garcia, João; Luciano, Curado, José Maria; Ferraz, Alcino, Miguel, Brioso e Arlindo, rapidamente os Conquistadores, orientados pelo húngaro Alexandre Peics, chegaram à vantagem, ainda que os bracarenses acabassem por empatar a nove minutos do fim.
Porém, mais do que o jogo, que ajudou a carimbar mais um título distrital para o Vitória, o penúltimo pois a temporada seguinte seria a derradeira que estas provas seriam disputadas, ficou na retina "a correcção que o público, numerosíssimo, presenciou a partida, dando assim uma nota de correcção e desportivismo que, infelizmente, se não verifica noutras localidades desta província."
Uma enchente com fair-play...