COMO AQUELE JOGO COM O PORTO LEVOU A UM DOS MAIORES CASTIGOS SOFRIDOS PELO VITÓRIA, ATÉ ENTÃO...

Estávamos na temporada de 1943/44. O Vitória já se afirmara como a maior potência distrital vencendo distritais atrás de distritais e já calcorreando os caminhos do principal escalão do futebol do país.

Seria nesse que a polémica estouraria. Depois de vencer a prova do distrito de Braga, seguiu-se o campeonato nacional que teria o seu apogeu naquele desafio perante o FC Porto.

Com efeito, no Benlhevai, como escreveu o Notícias de Guimarães de 12 de Dezembro de 1943, "o jogo (...) despertou enorme interesse e de todas as partes do Distrito acorreu gente ávida de presenciar a luta entre os dois mais categorizados conjuntos nortenhos. A Cidade Invicta mandou também larga representação, e entre ela alguns canários-flautas." Quanto à partida em si, seria apaixonante com o conjunto portuense a adiantar-se por duas vezes no marcador, para Miguel e Brioso empatarem-na, selando a igualdade final a dois.

Mais do que isso, como o jornal supracitado reconhecia, "na segunda parte, porém, pela dureza excessiva que a caracterizou por inteira culpa do árbitro não deixou saudades. O FC Porto, na ânsia de conseguir um triunfo com que contava de antemão e incitada pela numerosa falange de apoio tão entusiasta que por certos lhe fez esquecer que estava em terra estranha, enveredou a certa altura por uma forma de jogo feia..."

Passados uns dias, nas páginas do Diário Popular, a bomba haveria de explodir: "A notícia da interdição por 30 dias (...) do Campo do Bem-lhe-vai, em Guimarães, (...) veio tranquilizar aqueles que entendem o desporto (...) pelo desportivismo, o dos Fair-play dos ingleses..." Além disso, no mesmo jornal, aludia-se a que os comboio onde viajavam adeptos portuenses tinha sido apedrejado.

Indignaram-se as gentes vitorianas, pois os 30 dias significariam 5 jogos caseiros longe de Guimarães, a que acrescia uma multa de 2.000$00. Assim, num artigo denominado de "Temos de Amparar o Vitória" no NG defendia-se que "A Federação Portuguesa de Futebol, baseando-se nos relatórios inexactos que lhe foram apresentados, puniu-o severamente... Naquilo que se passou fora do seu terreno não lhe coube culpa alguma, pois nada fez que à luz da razão e da imparcialidade pudesse comportar tão rude castigo... Além do enorme sacrifício exigido aos jogadores - pois tem de realizar 10 jogos consecutivos fora da sua terra, abandonando a sua vida profissional e o aconchego do seu lar - há que contar com os prejuízos monetários que são de respeito."

O Vitória iria ter de continuar a sua caminhada longe de Guimarães, com as dificuldades desportivas que daí decorreriam e que haveriam de traduzir-se no oitavo lugar final entre os dez participantes do nacional maior desse ano...

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