Alexandre chegou ao Vitória na temporada de 1996/97 para, quase de imediato, afirmar-se como essencial na estratégia defensiva vitoriana. Faria exibição imperiais frente ao Parma na Taça UEFA, dando a entender que os Conquistadores haviam descoberto um talento capaz de valer muitos milhões.
Terá sido isso a mexer com o jogador. As constantes manchetes que anunciavam os pretendentes que nunca haveriam de apresentar uma proposta concreta. Tal influiria no seu espírito que, no decorrer da temporada de 1999/2000, chocaria de frente com a direcção vitoriana ao optar por não chegar na data estipulada após a pausa natalícia, muito por culpa dos desentendimentos que ia mantendo com o treinador Quinito. Aliás, a talhe de foice, há quem diga que chegou ao ponto de comprar um cão para dar-lhe o nome do técnico.
Ora, pelo atraso ser-lhe-ia instaurado um processo disciplinar que desembocaria no seu empréstimo ao Cruzeiro de Belo Horizonte, onde, apesar dos bons desempenhos, não pôde permanecer pelo facto de a proposta apresentada ser considerada de valores baixos.
Por isso, o Vitória deu-lhe ordens para regressar a Guimarães, de modo a integrar o plantel, o que Alexandre, ainda que com o seu espírito rebelde acataria, mas sempre reforçando a ideia de não querer permanecer em Guimarães. Aliás, fruto disso, confrontaria o Vitória, a ponto de, como escreveu o Jornal do Vitória de 18 de Julho de 2000, "utilizou uma habilidade para tentar desvincular-se do Vitória através ajusta causa. Os motivos invocados prendiam-se com a falta de pagamento dos salários de Novembro e Dezembro do ano passado, salários esses que, segundo um acordo (verbal), caberiam ao Cruzeiro de Belo Horizonte liquidação como compensação pelo empréstimo."
Contudo, o clube brasileiro não os pagou e Alexandre, conhecendo isso, tentou rescindir com o Vitória, obrigando a que os Conquistadores regularizassem essa situação, ao invés de obrigarem o emblema brasileiro de o fazer.
Aliás, tal seria confirmado pelo presidente vitoriano, Pimenta Machado, no jornal do clube de 25 de Julho de 2000, onde afirmou que "O Alexandre tem utilizado a estratégia de chantagem conluiado com o Cruzeiro. (...) Como nós não aceitamos a proposta do Cruzeiro, eles lá disseram ao Alexandre para vir para aqui pressionar, criar confusão para ver se nós cedíamos. Como nós não cedemos, ele foi para a rescisão. Claro que ele não vai ter rescisão nenhuma. Claro que ele não vai ter justa causa, simplesmente, como é lá fora, é a FIFA que vai árbitro um valor e que vai dar ao Vitória esse valor."
Não seria necessário chegar a tanto. Com efeito, no início de Novembro de 2000, o imbróglio chegaria ao fim. Como escreveu o Mais Futebol do dia 15 desse mês, "O jogador rescindira, alegando justa causa, na época passada. Desde então mantinha um conflito com o Vitória de Guimarães na Comissão Arbitral Paritária. Na semana passada o defesa central brasileiro e os dirigentes minhotos chegaram a acorda, resolvendo o assunto antes da decisão da CAP. .."
Alexandre conseguia o que queria, partindo. O Vitória, esse, mesmo não lucrando os milhões que um dia projectara, pelo menos resolvia um problema... e, atendendo à dimensão da história, isso já não foi mau!