COMO ALBERTO AUGUSTO ACABOU PRESO POR, SUPOSTAMENTE, BATER NO "SUBMARINO", SENDO SALVO PELO SEU JOGADOR, BRAVO.

Na temporada de 1940/41, o Vitória voltou a participar no Campeonato Nacional da II Divisão, fruto de ter vencido o Distrital de Braga e ainda ser-lhe vedada a participação no nacional maior de futebol.

Assim, na competição desse ano, calhou-lhe em sorte enfrentar, inicialmente a Ovarense que bateria por três bolas a duas, num jogo que o Notícias de Guimarães de 20 de Abril de 1941 considerou que a equipa vimaranense fez uma "brilhante exibição."

Seguia-se outra eliminatória da prova, desta vez, a disputar em Aveiro, contra o Sporting da Covilhã. Num jogo disputado arduamente, as grandes esperanças vitorianas estavam depositadas no jovem e talentoso avançado Alexandre que, em grande forma, era a esperança vitoriana para os golos.

Porém, como relembrou o jogador Bravo em entrevista dada muitos anos depois ao Notícias de Guimarães, "o Alexandre tinha como opositor directo um tal de "Submarino", jogador temperamental e quezilento, que queria molhar a sopa de qualquer maneira no nosso avançado."

Não o haveria de conseguir, nem sequer impedir o triunfo do conjunto vitoriano por uma bola a zero, o que gerou grande festa entre as hostes conquistadoras. Assim, no decorrer dessa festa, como continuou a relatar o antigo jogador, "fomos para o café Arcádia, aparecendo depois o Submarino, disposto a fazer zaragata."

Neste momento, apareceria o treinador Alberto Augusto, "que não era para brincadeiras e difícil de vergar, opôs-se e o provocador apareceu caído no chão." Por essas razões, a polícia teria de intervir e levar o treinador vitoriano para a esquadra, dando-lhe voz de prisão. Como refere o jogador "tentamos libertá-lo mas disseram-nos logo: podem ir embora, porque este comandante não gosta de futebol e o vosso companheiro vai aqui passar a noite."

Com a equipa em choque, sem querer regressar a Guimarães sem o seu líder, seria Bravo a resolver a situação. Tendo tomado conhecimento que a pessoa ideal para sensibilizar o determinado capitão a libertar Alberto Augusto, era um tal de capitão Aristides não pensou duas vezes. Na verdade, "era uma pessoa das minhas relações, pois tinha sido a minha empresa que havia mobilado o Hotel Arcádia de Aveiro e tivéramos com aquele oficial vários contactos. Fui de imediato ao seu gabinete e ele quando me viu comentou: Você por aqui... a estas horas! Então o que se passa? Ah...você, também joga à bola!"

Assim, contar-lhe-ia o sucedido, para ouvir um desarmante "Oh diabo, o comandante é um pouco duro de roer, mas vamos lá ver o que se pode fazer", ainda que à despedida tentasse apaziguar-lhe os ânimos, afirmando "vá em paz que eu vou tentar resolver o problema."

Assim, dirigiu-se à camioneta que deveria transportar os jogadores até à Cidade-Berço e onde a indignação era a palavra de ordem. Até que, "para satisfação geral, apareceu finalmente o Alberto Augusto, podendo então toda a caravana partir tranquila para Guimarães."

A campanha vitoriana na II Divisão haveria de findar na eliminatória seguinte em Espinho, perante o Leça, Bravo, apenas, três anos depois, haveria de contar ao seu treinador como tinha sido libertado da cadeia... fruto da sua intervenção junto de uma alta patente do exército!

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