AQUELE JOGO COM O SPORTING DECIDIDO COM UM GOLO FALSO COMO JUDAS E OS COMUNICADOS QUE DELE ADVIERAM...ATÉ MENTIRAS!

Estávamos na temporada de 1973/74...

Na antecâmara do 25 de Abril, o Vitória de Mário Wilson recebia o Sporting orientado por Mário Lino.

Com os Conquistadores a alinharem com Rodrigues; Costeado, Manuel Pinto, José Carlos, Osvaldinho; Abreu, Ernesto, Custódio Pinto; Ibraim, Tito e Romeu, o Vitória procurava um resultado positivo para não perder o comboio dos cinco primeiros lugares, que pareciam escapar.

Porém, nesse dia 24 de Março de 1974, o grande protagonista da partida seria o juiz Inácio de Almeida de Setúbal, que haveria de falsear o resultado de modo claro e escandaloso. Na verdade, um golo obtido em fora de jogo pelo avançado leonino, Nélson Fernandes, gerou a indignação e a estupefacção de todos os presentes pelo modo como o mesmo foi validado. Aliás, a atestar tal realidade, o Notícias de Guimarães escreveria que "o golo leonino foi falso como Judas", ainda que "outras falhas de arbitragem se verificaram sempre a favor dos lisboetas, como, por exemplo, na primeira parte, segundo a nossa visão, uma grande penalidade feita por Nélson sobre Custódio Pinto, ao impedi-lo com o braço sobre os ombros, que cabeceasse uma bola cruzada sobre a baliza do Sporting. Aconteceu que Romeu foi punido com o cartão amarelo, e muito bem diga-se de passagem, mas o mesmo aconteceu a Baltasar que agrediu à cabeçada o dito Romeu e, como é evidente, deveria ter visto o cartão vermelho."

Assim, concluía-se que "a arbitragem, como tantas outras, deplorável a favorecer o grande, neste caso, o Sporting."

Perante um jogo tão escandaloso e prejudicial ao Vitória, o treinador Mário Wilson seria claro em afirmar que " não se admite que no futebol, onde existem profissionais dignos, haja um árbitro que realize um trabalho lastimável, validando um golo tão falso”.

Contudo, a polémica não haveria de findar nesse momento, com a direcção vitoriana, após uma reunião, a emitir o seguinte comunicado:

" 1º - Dada a inutilidade que na prática tem representado as relações relativas às actuações dos Juízes de Campo, quando remetidas à actual Comissão Central de Árbitros foi deliberado não apresentar qualquer reclamação sobre a actuação da equipa de arbitragem, chefiada pelo Senhor Inácio de Almeida, por inoperante nos seus efeitos;

2º - Dada a serena e autorizada intervenção do treinador Senhor Mário Wilson, que, pela sua oportuna acção impediu o desencadear dos acontecimentos que todos lamentaríamos, mas compreensíveis perante a atitude da equipa de arbitragem, (...), decidiu registar na acta da reunião, um voto de louvor ao responsável técnico das suas equipas e divulgá-lo publicamente;

3º - Dado que o resultado oficial do jogo foi decidido por factos alheios ao esforço e vontade de toda a equipa, resolve conceder o prémio regulamentar como se o resultado fosse de um empate a zero golos;

4º - Dada a atitude tomada na circunstância por todos os órgãos da informação, imprensa e rádio, manifesta a sua simpatia e respeito pela verticalidade e isenção da crítica divulgada;

5º - E, finalmente, lamenta que a Radiotelevisão Portuguesa, como órgão de informação com possibilidades específicas de incontroverso testemunho, não tivesse, por razões técnicas ou outras, podido documentar, como só ela o poderia ter feito, os casos do jogo que motiva este comunicado.

A Direcção"

Um comunicado pleno de assertividade, mas, acima de tudo dignidade, em que se lamentava a escabrosa arbitragem, e também o modo como a televisão ocultara lances chave no jogo e que eram tidos como decisivos.

Porém, a história não acabaria aqui. Com o país desportivo, em especial a imprensa, surpreendentemente do lado do Vitória e a congratular-se pelo comunicado onde tudo fora devidamente escalpelizado, o Sporting tentou um golpe de rins. Através de telegramas enviados para diversas instâncias, os leões garantiam ter visionado imagens que comprovavam a validade do golo e, ainda, denunciavam a existência de agressões ao seu presidente, João Rocha nas garagens do estádio do Vitória sendo salvo, segundo eles, pelo seu avançado Yazalde.

Porém, como brilhantemente comprovou o cronista denominado de "Um de Nós", nas páginas do jornal referido, tal não passava de uma maquinação, pois "no estádio Municipal de Guimarães não existem garagens que permitam afirmar-se ter havido distúrbios nas instalações do clube vimaranense. A circunstância de Yazalde estar presente, mostra que a pretensa ocorrência se verificaria longo tempo depois do jogo terminar, com o jogador argentino já desequipado. Não houve ainda, que conste, qualquer participação ou queixa nos serviços da Polícia de Guimarães sobre incidentes com o automóvel do Sr. João Rocha."

Assim, se desmontava uma tentativa de virar a opinião pública contra o Vitória...o resultado, esse, é que era impossível de alterar e a equipa de Mário Wilson perdia mais três pontos que tanto jeito lhe dariam em busca do sonho europeu!

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