AQUELE GUARDA-CHUVA NO BESSA...

Marinho Peres fora herói da histórica caminhada de 1986/87, que desembocou num terceiro lugar e no apuramento para os quartos de final da Taça UEFA.

Partiu de imediato rumo ao Belenenses, tornando-se num D. Sebastião do vitorianismo. Por isso, foi com alegria que todos os vitorianos receberam a notícia do seu regresso para a temporada de 1992/93.

Porém, o encantamento esgotou-se depressa demais. Apesar do Vitória ter começado o campeonato a vencer o Beira-Mar e a eliminar a Real Sociedad da Taça UEFA, a verdade é que sentiu inúmeras dificuldades em acompanhar o ritmo de, pelo menos, os candidatos europeus.

Por isso, não foi de surpreender que as críticas chovessem de todos os lados. A defesa parecia manteiga, o ataque não marcava golos e a equipa somava derrotas atrás de derrotas.

Até que chegamos a 06 de Dezembro de 1992 e ao sempre apetecível e difícil jogo em casa do Boavista que, por esses dias, mordia os calcanhares aos clubes da frente... enquanto Vitória, na Liga, nos últimos quatro jogos tinha perdido três.

Numa noite de Domingo de intempérie, "Seu Marinho " terá vivido uma das suas últimas alegrias como técnico vitoriano, ainda que entrecortada com um valente susto...provocado por um guarda-chuva.

A alinhar com Jesus; Paulo Pereira, Taoufik, Germano, Tanta, Basílio; Quim Machado, Paulo Bento, N'Dinga; Dane e João Oliveira Pinto, o Vitória adaptou-se na perfeição ao pantanal em que se tornara o relvado do Bessa. Uma equipa todo-terreno que se adiantou no marcador com um golo de cabeça de Tanta e respondeu ao imediato empate de Artur com uma grande penalidade apontada por Paulo Bento.

A vencer por duas bolas a uma à entrada da segunda parte, pensava-se que a turma vitoriana tivesse de sofrer na segunda metade. Puro engano! Dilataria a vantagem por Dane, beneficiando de um mau alívio do guardião Alfredo, e colocando os Conquistadores a vencer por três bolas a uma.

Imediatamente, eufórico pela táctica gizada que estava a fazer "jackpot", Marinho Peres levantou-se do banco e exultou. Porém, tão depressa se levantou como apareceu caído no relvado em frente ao banco de suplentes. Na verdade, da bancada, um boavisteiro com pouco fair-play e ensandecido pela "serenata à chuva" vitoriana, com o guarda-chuva rompera o plástico do banco de suplentes e acertara no treinador vitoriano, que acabaria a contorcer-se de dores.

Nada que pusesse em risco o êxito vitoriano, nem uma das últimas alegrias de Marinho em Guimarães, já que seria despedido poucas jornadas depois. Nem sempre devemos voltar aos sítios onde fomos felizes...

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