AQUELE BENFICA-VITÓRIA QUE DISSE QUE O VITÓRIA ERA (MESMO) CANDIDATO AO TÍTULO...

No sangue que jorrava da cabeça de Gualter e que a fotografia documenta, a certeza da existência de uma equipa de vontade inquebrantável e de espírito indómito...

O Vitória daquela temporada de 1968/69, a todos, deixava boquiabertos. A equipa orientada pelo brasileiro Jorge Vieira parecia um relógio suíço. Na verdade, o conjunto vitoriano defendia bem e era de uma eficácia a toda a prova, fazendo de todas as oportunidades que lhe surgiam um hipotético motivo de festejo para os adeptos.

A jogar deste modo, a equipa chegou ao dia 17 de Novembro de 1968, data em que defrontou o Benfica na Luz na nona jornada desse campeonato, na crista da onda. Na verdade, a equipa vitoriana, apenas, havia perdido em Tomar, frente ao Sporting local, por três bolas a uma, sofrendo, apenas, mais dois golos no triunfo perante a CUF por duas bolas a uma e no empate a um frente à Académica de Coimbra.

Nesse dia, em Lisboa, viveu-se uma extraordinária jornada de fervor vitoriano, a ponto de na noite anterior ao jogo, bem como no dia, o Rossio parecer, segundo o jornal do Vitória, o Toural, sendo, provavelmente, até então, a maior digressão de vitorianos a acompanhar a equipa do seu coração.

Quanto ao jogo, como tantas vezes sucedeu perante aquele adversário, o Vitória sofreria as agruras da arbitragem. Assim, a 30 minutos do final da partida, ficaria reduzido a dez unidades por expulsão de Manuel Pinto e sofreria uma inusitada quantidade de foras de jogo assinalados, o que a impediu de criar mais sobressaltos no último reduto contrário. Apesar disso, haveria de disparar um balázio que deflagrou na barra da baliza de José Henrique e poderia ainda ter feito aquela parte vimaranense do estádio, abandoná-lo ainda mais feliz...

No final, o empate a zero era sinónimo de orgulho...pela equipa afirmar-se como candidato ao título... por mesmo reduzida a dez unidades ter sabido não perder o norte...e por Gualter, inferiorizado fisicamente com o sobrolho e a cabeça feridos, após um choque com o capitão encarnado, Mário Coluna, ter estoicamente resistido sem regatear qualquer esforço ou mostrar qualquer temor. De homens desta têmpera e desta estirpe, também, se fez a centenária história vitoriana!

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