Estávamos em 1968/69...
O Vitória dava cartas no campeonato nacional, lutando com os mais titulados do país rumo a um título que nunca haveria de chegar.
Contudo, apesar da forte exaltação, o clube vivia horas de desafio... valendo-se dos amigos, como Fernando Roriz, o presidente em exercício, em entrevista à revista Flama, reconhecia. Na verdade, com pouco mais de 4000 associados, num tempo em que investidores e parceiros não entravam no léxico futebolístico, era reconhecido pelo supra citado entrevistado que "O clube vive, de facto, com muitas dificuldades."
Apesar disso, "será um dos poucos que se pode ufanar de ter um conceito de solvência sem nódoa, quer perante os jogadores quer perante os fornecedores", algo que, já na altura, era objecto de inveja por parte de outros emblemas.
Atento a essa realidade, Roriz assumia a importância do maior activo de sempre dos vitorianos: "o número extraordinário de dedicações de amigos do clube." Por isso, "temos dificuldades, é certo, mas estamos em dia com as contas." A ajudar a esse facto. "várias comissões lutam pela angariação de donativos. Conseguiram mil contos o ano passado. Isso explica que o nosso saldo negativo de gerência tenha sido de 480 contos.”
Deste modo, com apenas 4000 sócios, sendo segundo o tesoureiro João Rodrigues, "o último na lista de receitas em casa e o 3º nas receitas proporcionadas ao adversário no campo deles", ainda assim os Conquistadores viviam em "relativa tranquilidade económica". Esta era a justificação para a "força da equipa de futebol, que tira agora proveito da continuidade de jogadores, de um onze experiente..." Porém, todo o apoio e estabilidade não impediriam que o Vitória, no final dessa inesquecível temporada, vendesse, por bom dinheiro, o lateral Gualter ao FC Porto... mais do que os jogadores, importava garantir o futuro!