Aquela temporada de 1989/90 prometera muito. Com efeito, durante grande parte daquela temporada, a imprensa alvitrou que os Conquistadores poderiam alcançar um inédito título nacional.
Não sucederia e a equipa, então, orientada por Paulo Autuori haveria de resvalar para o quarto posto...ainda que Pimenta Machado, andasse a tentar desalojar o Sporting do terceiro posto, através da justiça desportiva.
Assim, desde o início do campeonato, a direcção dos Conquistadores reclamava que o clube de Alvalade, numa altura em que só era permitida a utilização de três jogadores estrangeiros, houvera por várias vezes infringido essa norma, através da utilização do médio defensivo brasileiro, Douglas.
O Sporting, em sua defesa, haveria de alegar a sua boa-fé, baseando-se numa informação da própria Federação Portuguesa de Futebol, o que o haveria de ilibar de perder pontos no confronto com o Vitória, mas, também, em outras partidas.
Foi o bastante para o presidente Pimenta Machado anunciar que pretendia empreender uma cruzada em defesa do futebol português, assumindo-se "agastado como desrespeito pelo ordenamento jurídico-desportivo que dão mostras os órgãos da FPF, sendo visível um claro compadre pelo interesse de certos clubes."
A fundamentar isso, o facto de o Conselho de Disciplina ter publicado uma emanação a considerar Douglas um jogador estrangeiro (o que dava razão às pretensões vitorianas), para a Federação fazer tábua rasa dessa decisão, desobedecendo ao seu órgão disciplinar e considerar o atleta do emblema lisboeta como luso-brasileiro, fundamentando a legalidade da sua utilização.
Citemos a declaração de voto de Lúcio Barbosa e de Pedro Marques no acórdão que declarou Douglas como jogador estrangeiro, para se perceber como sempre funcionou o futebol português...em favor dos mesmos:
" Para nós o jogador Douglas é estrangeiro. mas, haverá qualquer causa de exclusão de ilicitude ou de culpa?
CREMOS QUE NÃO.
O clube arguido, Sporting, é clube de enorme dimensão, dotado das melhores estruturas e, com um corpo jurídico necessariamente de alto nível, pelo que é aqui que, em primeira linha, se haverá de procurar o juízo de censurabilidade que se há-de imputar.
(...)
Não há boa fé que afaste esse juízo de censurabilidade."
Mesmo assim, a Federação fez orelhas moucas aos seus conselheiros, protegendo o Sporting em prejuízo do Vitória, o que levou Pimenta a "partir a loiça" (com toda a razão) em conferência de imprensa. De pouco, contudo, adiantaria, neste país sempre disposto a proteger os filhos e a virar a cara aos enteados!