Estávamos em finais de 1989... o Vitória, orientado por Paulo Autuori, andava na crista da onda, acabando o último ano dos 80 na liderança do campeonato nacional...a sonhar com um título que haveria de não chegar!
O Partido Socialista, sob a liderança de António Magalhães, houvera vencido as eleições autárquicas e deu sequência a um acordo que houvera assinado com o Vitória e com o Partido Social Democrata para o estádio deixar de ser municipal e passar para a propriedade do Vitória. A título de curiosidade, refira-se que tal documento foi assinado no Restaurante Baptista por Pimenta Machado (pelo Vitória), António Magalhães, Mota Prego e José Albino Costa e Silva (pelo PS) e António Xavier, Fernando Alberto Ribeiro da Silva, Lemos Damião (pelo PSD).
Assim, na Assembleia Municipal seguinte, já com Magalhães como presidente da Câmara, o ponto três da ordem de trabalhos, assim, rezava: "autorizar a Câmara Municipal a alienar o Estádio Municipal ao Vitória Sport Clube." No acto, onde tal se discutiu, ficou-se a saber que o recinto seria vendido ao clube por mil contos (cinco mil euros), tendo o Vitória, também, direito a um subsídio, a partir de 1992, a um subsídio de 50 mil contos durante dez anos.
O interesse pela discussão levou a que ao referido acto assistissem diversos associados do clube, geralmente pouco interessados em questões políticas mas preocupados com o futuro do clube e na deliberação dos deputados muncipais. Por essa razão, a ansiedade pelo momento levou a que ponto que se encontravam no número 3 da Ordem de Trabalhos passasse para número 2, pois essa era a deliberação que a todos interessava.
Entre a maioria dos deputados, o sentimento dominante era óbvio, atendendo às declarações fugidias que iam deixando fugir para a imprensa. Citemos algumas delas:
" - O estádio foi construído para o Vitória e não para realizar jogos entre solteiros e casados."
" - Hoje, só estamos a cumprir um compromisso de há muitos anos."
" - Dar ao Vitória o que é do Vitória."
" - Pagar o que devemos ao Vitória."
" - O Vitória é o que melhor representa Guimarães, por isso merece mais e melhor."
Porém, os decisores municipais ainda foram mais longe, exortando o Vitória a pedir os terrenos envolventes ao recinto para constituir zonas verdes. Aliás, para a maioria, tal seria a melhor solução para preservar aquela zona.
Na hora da votação, a mesma seria inequívoca. Apenas ocorreram quatro votos contra a proposta, provenientes dos deputados do Partido Comunista Português e uma abstenção, garantindo, assim, que o estádio passasse para a propriedade do mais representativo clube da Cidade e um dos mais importantes do país.