Terá sido, provavelmente, o momento mais negro das reuniões magnas vitorianas! E, dizemos isso, após análise de todas as assembleias-gerais vitorianas.
No fundo, a certeza que nem só de momentos felizes é feita a história do Vitória. Nem de momentos com contornos bem definidos. Este terá sido um deles.
Estávamos em 2002...
O Vitória fervia com uma oposição documentada como nunca tivera. A destacar-se, entre esta, um jovem economista de nome Domingos Miranda, que não hesitava em dar a cara nas assembleia-gerais, questionando a direcção de António Pimenta Machado. Tanto assim foi, que haveria de ser alvo de um processo disciplinar que culminou com a sua expulsão de sócio e que foi revertida em sede de impugnação judicial.
Porém, a 06 de Setembro desse ano, a Assembleia-Geral destinada a aprovar o relatório do exercício de 2000, o de 2001, bem como o orçamento para a época 2002/2003, com a presidência da mesa a caber a Raúl Rocha, foi dos momentos mais negros que os vitorianos habituados a viverem estes momentos, presenciaram.
Assim, para além dos sócios do Vitória, sempre presentes e interessados, estiveram presentes 60 indivíduos de proveniência desconhecida e de opulência física susceptível de dar nas vistas. Ficariam conhecidos pelos "capangas". Durante a reunião, apuparam os oposicionistas, ameaçaram as figuras mais visíveis da oposição e aprovaram as moções da direcção. Enquanto os intervenientes discursavam, mostravam o cartão de sócio do Vitória, que posteriormente, se veio as saber ter sido entregue nesse mesmo dia.
Mediante a indignação dos sócios que juravam não mais votar em Pimenta, em especial de Fernando Alberto Ribeiro da Silva, antigo Governador-Civil do distrito e que, futuramente, seria presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Clube, muitos abandonaram a Assembleia-Geral, com o presidente da mesa, a referir que "não se deve sequer pensar que o Vitória de Guimarães passou cartões falsos, só porque entraram cá sócios com uma estrutura física diferente."
Porém, passados uns dias, em entrevista ao Desportivo de Guimarães, um dos novos sócios, de nome Marco Machado, abriu o jogo: " Contrataram-me um dia antes da Assembleia, no ginásio onde costumo treinar e pediram-me duas fotografias com o nome escrito no verso. No dia da acção soube que era para fazer um serviço na Assembleia-Geral do Vitória. Deram-me o cartão de sócio, por 3 horas recebi 50 euros. Mais tarde foi-me explicado que deveria votar de modo a aprovar o orçamento e o relatório e contas do clube, insultar e assobiar um tal Doutor Domingos Miranda quando ele fosse falar. Estava assente, também, que teria de proteger a integridade física do Presidente se desse para o torto." Pimenta terá, neste momento, perdido parte do apoio e da aceitação que ainda tinha entre muitas franjas de associados...
Provavelmente, um dos momentos mais infelizes nesta centena mais um de anos vividos pelo Clube do Rei...
