COMO NAQUELE ANO DE 69/70, COM TODAS E MAIS ALGUMAS DIFICULDADES A SURGIREM, VIVEU-SE UM VERDADEIRO MILAGRE VITORIANO...

Na fotografia apresentamos o conjunto vitoriano de 1969/70.

Assim, de pé, da esquerda para a direita, encontram-se Peres, Costeado, Bernardo da Velha, Joaquim Jorge, Torres, Manuel Pinto, Silva e Roldão. Em baixo, de joelhos, na mesma ordem estão Zézinho, Castro, Mendes, Manuel, Augusto, Artur e Osvaldinho

Tratou-se de uma equipa histórica. Uma equipa que participou pela primeira vez nas competições europeias, levando o Rei a Ostrava, onde eliminou o Banik, para depois cair em Inglaterra, aos pés do Southampton.

Porém, além disso, poderemos dizer que foi uma equipa com o verdadeiro espírito vitoriano. Na verdade, abalada pela partida de Jorge Vieira, o técnico que fizera história ao conduzir o Vitória a um histórico terceiro posto, a aposta recairia em outro brasileiro, Giba.

Apesar das esperanças depositadas no treinador brasileiro, uma fatalidade haveria de abater-se sobre este, apenas orientaria a equipa na primeira jornada do campeonato num empate frente ao Varzim e na estreia europeia perante a equipa checoslovaca. Já não seria o treinador a equipa na segunda jornada, numa pesada derrota frente ao Benfica, onde o jogador Peres assumiu essa missão, enquanto este esperava pelo resultado de uns exames médicos que lhe haviam sido prescritos, para, logo de seguida, partir para o Brasil... onde haveria de morrer pouco tempo depois, vítima de uma leucemia fulminante.

A ter de encontrar um treinador para prosseguir a temporada, a aposta haveria de recair em Fernando Caiado, que, na época anterior, treinara o Sporting. O técnico começou a vencer no Leixões, graças a um golo solitário de Carlos Manuel para rumar a Ostrava onde, graças ao golo de Artur, fez história.

A temporada haveria de prosseguir longe do brilhantismo da temporada anterior, chegando mesmo os Conquistadores, depois da derrota em casa do eterno rival por duas bolas a uma, a cair para o décimo primeiro posto em catorze participantes após a nona jornada do campeonato. Algo de preocupante, que o Notícias de Guimarães escreveu que "A reacção espera-se."

Ela surgiria... três triunfos consecutivos levaram o Vitória ao quinto posto e o periódico que pedira a reacção a anunciar "um Vitória recuperado", algo que não seria confirmado na última jornada da primeira volta, onde, nas Antas, um golo nos últimos minutos impediu de a viagem de regresso ser feita com pontos. Pior, aconteceria, de seguida com uma goleada sofrida na Póvoa de Varzim por quatro bolas a uma, o que levou o Notícias de Guimarães a escrever que "nas ondas do Varzim naufragou o Vitória."

Urgia, por isso, recuperar. Algo feito com um triunfo sobre o Benfica por duas bolas a uma, com golos de Zézinho e de Manuel, a dar esperança na retoma. A época continuaria com os Conquistadores afastados dos cinco primeiro lugares, chegando a três jornadas do final num cinzento sétimo posto.

A partir daí...sucederia o milagre, arrancado a ferros. Começou com um triunfo por duas bolas a uma frente ao último classificado União de Tomar, com o golo salvador apontado por Mendes, a chegar a cinco minutos do final, seguindo-se um empate no Barreiro, concorrente directo ao quinto posto.

Seguia-se a última jornada com o Vitória no quinto posto que lhe permitiria ir à Europa, a dois pontos do Varzim, no quarto lugar e com os mesmos pontos do sexto, o Barreirense. E, nessa derradeira jornada sucedeu um verdadeiro milagre. Com efeito, com os poveiros a perderem na Luz por uma bola a zero, era importante vencer para apanhá-los na tabela classificativa, suplantando-os... e garantir, pelo menos, o quinto lugar mesmo que o Barreirense vencesse. Apesar do adversário dessa tarde de 19 de Abril de 1970, o FC Porto, estar muito longe dos pergaminhos habituais, afundado num nono lugar, o triunfo só chegaria no último minuto da partida, graças a um tiro de Mendes, a fazer jus à alcunha de Pé Canhão.

O Vitória conquistava o quinto lugar e apurava-se novamente para as provas europeias... um verdadeiro milagre num ano cheio de imprevistos e de dificuldades!

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