O Vitória passara três no inferno da Segunda Divisão...
Com efeito, aquele período entre 1955 e 1958 fora extremamente difícil., com o clube a tudo fazer para regressar aos mais altos patamares do futebol português. Para isso, numa altura em que as fontes de receita eram diminutas, recaía sobre os directores do clube a "obrigação" de irem adiantando do seu bolso quantias monetárias essenciais para que este pudesse prosseguir na sua caminhada.
Assim, quando, em 1958, finalmente, os Conquistadores regressaram ao seu habitat natural, a dívida que o clube tinha para os homens que geriam os seus destinos cifrava-se num valor na ordem dos 600 contos, o que à presente data, recorrendo ao atualizador de inflacção do portal Pordata, equivalerá a pouco mais de 300 mil euros.
Uma quantia considerável, mas que deu azo a algumas manifestações de extremo vitorianismo. Como a de Alberto Pimenta Machado Júnior, na altura, director do Vitória, irmão do pai de António Pimenta Machado que viria a ser presidente do clube entre 1980 e 2004.
Assim, de modo a incentivar quem estava em situação igual à sua, pediu para ser publicada uma carta aberta no jornal Notícias de Guimarães de 17 de Agosto de 1958. Nela, aludia ao facto de existir um défice no clube na ordem dos já citados 600 contos, "referente a empréstimo e letras a cargo de directores cessantes". Por isso, dava conhecimento que "tenho muito gosto em que o saldo a meu favor seja considerado como uma oferta ao nosso clube, ficando assim saldado um dos débitos que figuravam nesse passivo."
Acrescentava mais, demonstrando a grandeza de carácter de quem servia o Vitória por esses anos: "Creio que todos os directores cessantes quando efectuaram esses empréstimos não foi com intenção de serem reembolsados dos mesmos, até porque conhecem bem de perto a situação financeira do Vitória."
Por isso, instava o clube a escrever a cada um deles, "...pedindo-lhes para autorizarem que sejam anulados por oferta esses seus créditos", o que garantia que "... a maioria concordaria com a sugestão, e sendo assim a posição do Vitória ficaria um pouco mais desanuviada..."
Um gesto de um vitorianismo superlativo, a merecer ser conhecido por todos...
