A vida, enquanto treinador do Vitória, de Rui Vitória nunca foi fácil.
E dizê-lo que as dificuldades começaram no primeiro dia, não será exagero, pois, foi nesse dia que existiu uma invasão ao treino para confrontar os jogadores por causa dos resultados, sendo o alvo preferencial o extremo marroquino Faouzi, que, na época anterior, fora catapultado ao estatuto de herói, graças ao golo apontado à Académica e que colocou o Vitória, 23 anos depois, no Jamor.
Não obstante isso, Rui Vitória defenderia o jogador, apostando várias vezes na sua utilização, ainda que, paulatinamente, fosse perdendo influência na equipa vitoriana, o que, obviamente, foi-lhe gerando desagrado.
Até que se chegou aquele jogo disputado a 27 de Janeiro de 2012, frente ao Nacional da Madeira, que, curiosamente, na primeira volta significara a estreia do treinador ao comando dos Conquistadores. Ao contrário desse dia, que o Vitória vencera claramente por quatro bolas a uma, a equipa vitoriana teve de sofrer para vencer, fazendo-o graças a uma grande penalidade cobrada por Edgar já perto do final do jogo. Faouzi, esse, não saiu do banco de suplentes, o que, provavelmente, ter-lhe-á gerado um profundo sentimento de desilusão, atento que na jornada anterior, apesar da derrota da equipa por três bolas a uma em casa do FC Porto, apesar de ter sido suplente, houvera apontado o tento de honra da equipa.
Porém, nesse dia, o facto de não ter sido lançado em liça, ter-lhe-á toldado o espírito, ao ponto de, alegadamente, ter partido um cacifo nos balneários. Traçaria aí a sua sentença e o seu futuro enquanto jogador do Clube do Rei, sendo, imediatamente, cedido a título de empréstimo aos sauditas do Al-Itthiad, para não mais voltar a pisar a relva do D. Afonso Henriques.
Porém, a história não ficaria por aqui. Depois do jogador ter acusado o treinador de ter promovido o seu abandono do clube, este não se ficou. Na, provavelmente, declaração mais dura que produziu, enquanto líder máximo dos Conquistadores, não teria papas na língua, garantindo que "O Faouzi não foi correcto. O que se passou foi gravíssimo." Por isso, criticaria a atitude do extremo, pois, "Quando o Faouzi foi agredido no meu primeiro treino, eu apostei e acreditei nele, colocando-o a jogar no encontro seguinte. Não basta ser jogador de top, é necessário ter comportamentos de top.", uma vez que "nenhum vitoriano quer ter jogadores que não saibam trabalhar em equipa."
E, assim, ficava a certeza que, enquanto, Rui Vitória fosse treinador da equipa, jamais Faouzi nela haveria de jogar... e assim seria, numa carreira que findou em 2019/20 nos marroquinos do Raja Beni Mellal.