Fora um furacão que assolara Guimarães e o Vitória...
Um jovem que chegara a presidente e que deu verdadeiras pedradas no charco.
Inconformista, aproveitou o facto do melhor treinador português estar sem clube por ter entrado em litígio com Américo de Sá, presidente do Porto, e contratou-o
Ambicioso, já tinha dado à equipa nomes como Damas, Nivaldo ou Blanker.
Revolucionário, batera o pé à Câmara, ameaçando com uma demissão, caso as obras no, então, estádio Municipal não avançassem.
Consciente, sabendo das dificuldades financeiras que o clube vivia, juntou a si membros capazes de o ajudarem, e, simultaneamente, financiarem os seus projectos de crescimento.
Assim, foi António Pimenta Machado que, entrado no Vitória em Março de 1980, teve um primeiro mandato absolutamente marcante. Sem fatalismos, lamúrias e sem medo de projectar um Vitória, ainda, maior como se comprovava pela entrevista que deu ao Povo de Guimarães em 10 de Março de 1982, quando já era certo que ia continuar nos Conquistadores.
Além disso, tinha o dom da palavra. Não lhe faltava coragem para a eloquência, como o chavão que abraçou e que dava a entender toda a sua pujança de juventude: "A nossa grande aspiração é que o Vitória não seja um Club de Província, mas sim um Club de Projecção Internacional."
Deste modo, garantia que "não tenho qualquer receio", mostrando-se motivado para um novo mandato, pois "as pessoas vão ao estádio, sentem-se cada vez mais sensibilizadas e motivadas..."
Motivação, essa, também, pelas grandes propostas que tinha para o Vitória e que, como já referimos, passava por tornar o Vitória uma referência internacional, como viria a sê-lo na segunda metade da década de 80, com inesquecíveis participações europeias. Para isso acontecer, como referia, "temos necessidade de um bom plantel, de uma boa equipa técnica e também de um Estádio capaz." Apesar disso, já sentia a grandeza do clube, pois, "as pessoas que, hoje, acompanham, o Vitória nas suas deslocações têm constatado que todos os jogos são considerados dias de clube e isso comprova com os olhos dos seus congéneres que o Vitória é considerado um clube grande."
Era um Vitória que queria afirmar-se no futebol português, enfrentando os mais titulados de peito aberto e sem medos... até das palavras, arte que Pimenta Machado manejou sempre muito bem!