O DIA EM QUE VITÓRIA E BRAGA FICARAM JUNTOS NA AF BRAGA... PARTE III - MESQUITA TOMA O PODER E O FIM DA DUPLA FERNANDO RORIZ/GIL MESQUITA

Estávamos no início de 1991.

O país aprestava-se para ir a votos para eleger Mário Soares para um segundo mandato como presidente da República.

No futebol, a AF Braga vivia momentos delicados. Gil Mesquita, tendo perdido os apoios, tinha pedido a sua demissão. De imediato, com o apoio de Pimenta Machado e do SC Braga surgiu Mesquita Machado. Todavia, do lado de Famalicão e Barcelos pareceu surgir outra candidatura que era a de Virgílio Costa. Parecia, por isso, que iríamos assistir a um duelo com a óbvia contagem de espingardas.

Porém, nada sucederia desse modo. Com efeito, como escreveu o jornal Povo de Guimarães de 11 de Janeiro de 1991, "Virgílio Costa, o outro candidato, desistiu na noite da passada Terça-feira, já depois de ter entregue a sua lista nos serviços da AF Braga."

Visto como seguidista dos líderes anteriores, começaria a perder os poucos apoios que houvera garantido, como os do Joane e do Delães, clubes do seu concelho, que se recusaram até a indicar nomes para a constituição da lista candidata. Assim, sem nomes ligados a clubes, apresentou pessoas sem qualquer desempenho directivo ao nível de clubes, o que fazia, desde logo, antever uma pesada derrota.

Ainda assim, tentou salvar a sua face, apresentando três propostas. "A primeira tentativa foi a fusão das duas listas, o que foi recusado. A segunda tentativa foi a aceitação do apoio à lista de Mesquita Machado, desde que a nova Direcção da A.F. Braga garantisse não votar a destituição do Conselho de Arbitragem na próxima Assembleia Geral da FPF em Lisboa. Foi, como é evidente, também recusado. A terceira tentativa já não exigia tal condição, mas outras que tinham a ver com futuros cargos federativos e a exigência da expressão de solidariedade e confiança, desde já em Fernando Roriz, que tinha anunciado ir pedir a sua demissão de Vice-Presidente Federativo..." Nenhuma destas hipóteses seria aceite e o famalicense ver-se-ia na contingência de desistir da sua candidatura, fazendo apenas um curto comunicado "com o candidato eleito Mesquita Machado a afirmarem o seu desejo de contribuírem para a unidade do futebol distrital."

Deste modo, Mesquita Machado avançaria para a liderança da AF Braga sem concorrência, com o vitoriano Raúl Rocha como 1º Vice-Presidente, mas, também, com uma forte presença de dirigentes de clubes vimaranenses como o Vizela (na altura pertencente ao concelho de Guimarães), mas também do Moreirense e do Pevidém, tornando o concelho no mais participado na lista vencedora.

Mais do que isso, urgiria trabalhar... e, quase logo de seguida, nas Taipas, no Restaurante Príncipe Parque, decorreria a primeira reunião da nova direcção com um único ponto na ordem de trabalhos: a posição a assumir pela AF Braga na Assembleia-Geral da FPF que iria votar a destituição do Conselho de Arbitragem. Enquanto isso, Fernando Roriz, histórico dirigente vitoriano e, na altura, vice-presidente da FPF apresentava a sua demissão do cargo federativo, o que faria com que tivesse de ser substituído por Gil Mesquita. Ora, como este tinha-se demitido da AF Braga, optou por não assumir o cargo. Como escrevia o Povo de Guimarães, "acabou, assim, o domínio do poder associativo/federativo no Distrito da dupla F.Roriz/Gil Mesquita..."

Antevia-se, por isso, a regeneração do futebol... ter-se-á, contudo, esquecido Pimenta que estava a abrir as portas do poder a representantes do eterno rival. E isso poderia ter custos... mesmo a longo prazo!

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