Foi uma das apostas para um final de época em grande, naquela segunda metade de exercício de 2002/03.
O Vitória de Augusto Inácio encantava, jogava um futebol de fino recorte na caixinha de fósforos de Felgueiras e os objectivos mais ousados pareciam possíveis. Para tal ser possível, e, também, como trunfos eleitorais de umas eleições que estavam a caminho, Pimenta Machado apostou em dois reforços júnior…. de nome! Se de Fábio já aqui escrevemos narrando as esperanças que advinham do seu curriculum, o mesmo se poderia dizer de Rubens.
Esquerdino, irreverente, de boa técnica, havia sido contratado em 1999 pelo FC Porto ao Palmeiras. Apesar de na primeira temporada ter sido utilizado com frequência pelo treinador Fernando Santos, depois da chegada de Mourinho veria o caminho a estreitar-se. Tanto assim foi, que começou a ser emprestado a vários clubes do futebol brasileiro, até chegar ao Vitória.
Diga-se, porém, que foi uma contratação disputada ombro a ombro com clubes como a Académica e o Braga, emblemas que o jogador recusou e que fez com que fosse remetido para os treinos da equipa B portista. Por isso, depois de ter sido seduzido pelo projecto vitoriano, diria que “Tenho a certeza que possuo condições para jogar a um bom nível em qualquer equipa, pelo que vou fazer tudo para entrar no Guimarães. Existem todas as razões para olhar o futuro com confiança, embora tenha um período curto, mas ao mesmo tempo longo, dado que desejo ajudar os meus novos companheiros.”
Além do optimismo que demonstrava, Rubens era técnica e indisciplina táctica. Desequilíbrio pela ala e momentos de descontrolo. Um estigma de bon-vivant, com intensa paixão pela vida nocturna. Seria assim durante as nove partidas em que foi utilizado por Augusto Inácio nesse exercício. Foram nove partidas e um golo, na certeza que, durante esse período, pôde dar algum descanso ao frenético Djurdjevic na ala.
Atendendo à continuidade de Augusto Inácio na época seguinte e à expectativa de ser utilizado o sistema táctico que tão bons frutos dera na temporada que findara, o jogador viu o seu empréstimo ao Vitória renovado. O optimismo reinava no seu espírito, afirmando ao Mais Futebol de 04 de Junho de 2003, que “Desta vez vou tentar aproveitar melhor, porque vou poder fazer a pré-temporada e tenho uma época inteira para mostrar o meu valor.” Ia mais longe, ao prometer que “Na época passada podíamos ter chegado ao terceiro lugar, que era o nosso objectivo. Se tivéssemos acreditado mais, teríamos conseguido.”
Seriam, todavia, ilusões que não se concretizariam. Apesar de fazer 24 partidas, o Vitória viveria um ano difícil, agónico e sem cumprir o seu potencial. No final do ano ficaria o alívio de uma manutenção extremamente sofrida, tendo contribuído com um golo no importante triunfo por duas bolas a zero frente ao Rio Ave.
Partiria no final dessa época, depois de 33 jogos de Rei ao peito e dois golos… num momento de profunda remodelação vitoriana, em que partiram presidente, treinador e jogadores, também abandonaria o clube… com a certeza que poderia ter sido muito mais!