Já aqui escrevemos a trilogia da queda de Gil Mesquita, antigo presidente do Vitória, do cargo de presidente da AF Braga, com grande impulso de Pimenta Machado.
Por considerar que o seu antecessor optara pelo seguidismo à AF Porto, que ocupava posição de charneira no futebol português com os claros benefícios que isso lhe trazia no Conselho de Disciplina quanto a castigos, mas, acima de tudo, na arbitragem, Pimenta arquitectou uma rebelião a partir da base.
Deste modo, conseguiu fazer cair Gil Mesquita e, com o apoio do seu arquirival, SC Braga, colocar na liderança do organismo... Mesquita Machado, à data presidente da edilidade bracarense e com claras ligações ao emblema rival.
Após esse momento, seguia-se o grande passo. Fazer cair a direcção da Federação Portuguesa de Futebol, mas, principalmente, o Conselho de Arbitragem liderado por Lourenço Pinto, afecto à AF Porto e um dos principais responsáveis da crucificação em praça pública de Paulo Autuori após o que sucedera com o juiz Francisco Silva, no estádio das Antas. Recorde-se que Pinto diria que Autuori tinha protagonizado um espectáculo impróprio para as criancinhas que a essa hora assistiam à televisão. Diga-se, ainda, que após serem manifestadas as intenções vitorianas, os homens do apito castigaram severamente os Conquistadores, aliás como referiu Raúl Rocha no Povo de Guimarães de 23 de Março de 1991, ao dizer que Lourenço Pinto "estava vingativo, propondo-se castigar aquelas Associações e Clubes que tinham desencadeado uma cruzada com a sua gestão na arbitragem nacional."
Todavia, os órgãos federativos com a mudança de filosofia da AF Braga haveriam mesmo de soçobrar, e consequentemente, Lourenço Pinto, também, deixaria a liderança da arbitragem. Seria substituído, também, por um homem da AF Porto, Fernando Marques, ainda que "em minoria no novo Conselho (...) e onde se confrontará com uma maioria de cinco elementos dispostos a porem fim à actual realidade da arbitragem."
Todavia, nessa nova composição, e depois de tanto trabalho para alterar o estado de coisas, Pimenta Machado terá concordado com algo de inusitado, de surpreendente. Com efeito, aceitou que a AF Braga nomeasse para vice-presidente do órgão o antigo juiz Azevedo Duarte, que era associado do clube da cidade dos arcebispos. Ora, tal significava que o Vitória, depois de ter perdido Fernando Roriz, que se demitira de vice-presidente da Federação, iria perder, também, a vice-presidência do Conselho de arbitragem, num cargo que era exercido por Dinis Monteiro.
Voltemos a recorrer a Raúl Rocha para explicar tal decisão... tão sui-generis: "A situação foi, porém, esta: O Vitória não dispunha no momento presente de nenhuma personalidade, minimamente ligada ao Futebol e à Arbitragem, para desempenhar tal cargo.
Ora, como é evidente, não era possível avançar com qualquer nome anónimo que teria de merecer o consenso de todos os clubes da A.F. Braga e, pelo menos, teoricamente, das restantes Associações que integram a Comissão Arbitral.
Azevedo Duarte, assumiu, porém, compromissos quer com a direcção da A.F.Braga, quer com todos os clubes e o seu mandato integrará, apenas, três meses dos quais se testará a sua função." Após esse período, os estatutos federativos seriam alterados...e outra história iria ser contada!