COMO PIMENTA DESPEDIU PELA PRIMEIRA VEZ UM TREINADOR... UM MÊS APÓS TER TOMADO POSSE COMO PRESIDENTE!

Aquela temporada de 1979/80 pressentia-se que fosse de transição.

Gil Mesquita dava a entender que não iria continuar à frente dos destinos dos Conquistadores, também marcado pela polémica com Mário Wilson, que acabara despedido ainda antes do final da temporada anterior.

Para o seu lugar apostara num argentino que chegara à Europa no início da década de 50 para jogar no Real Madrid, mas que pelo excesso de estrangeiros tivera de continuar a viagem para acabar no... Atlético. Depois de ter assentado arraias em Portugal, pese algumas incursões à América do Sul seria no nosso país que faria carreira primeiro como jogador e depois como treinador.

Assim, chegaria ao Vitória para estabilizar um conjunto que vivera a ebulição do diferente entre Gil Mesquita e Mário Wilson, depois de já ter percorrido os caminhos de outros dois emblemas minhotos nos dois anos anteriores: o SC Braga e o Famalicão.

Em Guimarães não seria extraordinário... Ter-se-á destacado com uma série de oito partidas sem perder, ainda que só vencesse três, que catapultou a equipa para o sexto posto à passagem da décima terceira jornada, a dois pontos do quarto posicionado, e pela eliminação do eterno rival no reduto deste, graças a um bis de Mundinho, com o golo do triunfo a chegar já no prolongamento da eliminatória.

Entretanto, chegamos a 10 de Março de 1980, dia em que Pimenta Machado assumiu os destinos vitorianos. A partir desse momento, o treinador argentino duraria, apenas, quatro partidas, consubstanciadas em, apenas, um triunfo frente ao Rio Ave e três desaires, que deixaram a equipa a sete pontos do quarto posto da tabela.

Estávamos a 13 de Abril e Pimenta, pela primeira vez, tomava a resolução de despedir um treinador. Na verdade, a derrota caseira por uma bola solitária frente ao Beira-Mar, que o Notícias de Guimarães de 18 de Abril de 1980, descreveu como "veja-se o que aconteceu ao Vitória (...) perante um adversário que só uma vez ganhara fora (...)e que agora veio a Guimarães desfeitear a equipa da cidade-berço, perante o seu atónito público, que não compreende como uma equipa tranquila pode jogar tão mal e tão sem chama, dando todos os trunfos ao adversário."

Por isso, seria tomada resolução inapelável que passou por despedir o treinador argentino e promover o preparado físico Cassiano Gouveia a treinador principal para conduzir a equipa até ao final do campeonato.

Sendo outros tempos, o jornal Povo de Guimarães de 24 de Abril de 1980, escrevia que tratava-se de uma "medida drástica de mandar o treinador Mário Imbelloni pela porta fora, unicamente por que, quando menos se esperava, se perdeu um jogo que era dos de ganhar, temos de recriminar, logicamente, a ocorrência. Acresce ainda que "o técnico argentino, dentro das condicionantes em que trabalhava, nunca se nos aparentou de menos capaz."

Contudo, o destino de Imbelloni estava traçado, pouco mais de um mês do novo presidente ter assumido os destinos do clube. Com Cassiano Gouveia, como escreveu o Notícias de Guimarães de 13 de Junho desse anos, o Vitória viveu "....um final em cheio, com uma derrota sofrida no seu campo perante aquele que viria a ser o campeão nacional.." Por isso, "... um aceno de simpatia para os atletas vitorianos e para o técnico que assumiu a sua orientação integral - Cassiano Gouveia." Porém, no final daquela temporada, os Conquistadores não iriam além da sexta posição, a cinco pontos do quarto classificado, o Boavista. A Europa iria ter de esperar, mas Pimenta acabara de despedir o primeiro dos dezasseis treinadores que haveria de despedir em 24 anos de liderança!

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