José Morais foi dos jogadores que mais sentimentos desencadeou nos vitorianos na década de 60 do século passado.
Natural de João Pessoa, de bons recursos técnicos, chegou à Cidade Berço graças a um procurador de nome Edivaldo Sousa que, poucos antes da sua transferência, tinha viajado para Portugal onde teve contactos com Eduardo Cardoso, que como escreveu a revista Ídolos do Desporto, "um minhoto que foi presidente do Sport Clube Recife."
Foi aí que a hipótese de ingressar no Vitória foi ventilada, tendo as negociações chegado a bom porto em Maio de 1965, altura em que chegou ao aeroporto da Portela, em Lisboa. "Morais vinha credenciado com um dos melhores pontas de lança que actuavam no Recife e ao mesmo tempo um armador de excelente nível técnico." E, logo na pré-temporada haveria de confirmar os seus créditos, demonstrando um inegável talento que fez os responsáveis pelo emblema Conquistador sorrirem...haviam acertado em cheio!
Porém, os seus primeiros tempos em Guimarães foram repletos de episódios inesperados. Desde logo, a alteração da sua posição no terreno, em virtude da lesão de Ribeiro que obrigou a que o técnico francês Jean Luciano o adaptasse a médio. Daquela posição não mais haveria de sair...
Porém, algo de mais terrível haveria de o assolar. Na verdade, "Estava em Guimarães apenas há dois meses quando recebeu a notícia que o seu pai tinha falecido." Em transe pela dor, "logo pensou na rescisão do contrato com os vimaranenses para regressar imediatamente para junto de sua mãe e seus irmãos." Seria graças à enorme dimensão humana dos directores vitorianos que o problema haveria de se resolver, pois, "... acarinharam-no, falaram do seu problema e resolveram mandar um emissário a João Pessoa para saber qual o melhor caminho a tomar. Ao fim e ao cabo, tudo se decidiu e José Morais ficou em Guimarães."
Era a certeza que o jogador que se encontra na fotografia ao meio, haveria de realizar uma temporada de excepção, comandando o meio campo vitoriano, arranjando ainda tempo para marcar dois golos e sendo elemento integrante de uma das melhores equipas da história e cujo quarto lugar final soube a pouco. Tamanha excepção e qualidade que haveria de ser protagonista de uma das mais rocambolescas e inexplicáveis partidas do Vitória rumo ao Sporting na temporada seguinte... mas isso será outra história!
