Será um exercício interessante. Perceber qual o treinador que mais jogos fez no Vitória e que mereceu a confiança de modo superior de algum presidente. Quase como o seu braço direito, a extensão do presidente em campo, o homem encarregado de colocar o projecto gizado nos gabinetes em prática no campo.
Assim, o treinador com mais jogos pelo Vitória é Mário Wilson... que acabaria por ser impedido de treinar o clube durante toda a sua vida, numa decisão tomada em Assembleia-Geral. Ainda assim, orientou os Conquistadores durante 193 partidas na década de 70 do século passado. Trazido por Antero Henriques da Silva Junior no segundo ano em que liderou o clube, acompanhá-lo-ia até ao final do seu período de liderança e contunuaria no primeiro ano de António Rodrigues Guimarães. Regressaria em 1977/78 com Gil Mesquita para a segunda fase da sua passagem do clube, que como já escrevemos correu mal. Ainda assim, foi o treinador de três presidentes.
Segue-se Rui Vitória, contratado por Emílio Macedo da Silva nos primeiros passos da temporada de 2011/12 (depois da partida de Manuel Machado). Apesar de contratado por Emílio Macedo da Silva, Rui Vitória seria o treinador emblemático de Júlio Mendes, acompanhando-o durante três temporada e meia. Foram 154 partidas, uma Taça de Portugal vencida e muitos jovens lançados... além disso, paciência quando as coisas não correram muito bem.
De Pimenta Machado, sempre se disse não ter paciência para treinadores. Talvez sim, mas a verdade é que Quinito, o terceiro técnico com mais jogos pelo Vitória, foi aposta do homem que geriu os destinos do clube durante 24 anos, em três períodos diferentes: em 1994/95, em 1997/98 e em 1998 até 2000. Com a ressalva que das duas últimas chegou a meio da temporada, depois de Jaime Pacheco ter sido despedido em 1997/98 e a aposta em Filipovic não ter corrido como o esperado em 1998/99. Foram 115 jogos no Vitória e a certeza que muitos vitorianos ainda hoje sentem saudades.
A seguir a este, está Augusto Inácio com 99 desafios disputados entre meio da temporada de 2001/02 e meio da de 2003/04, também ele no consulado de Pimenta.
Mas, será melhor deixar a lista relacionando cada presidente, desde que os mandatos passaram a ter a configuração actual; ou seja, desde Pimenta Machado.
Pimenta Machado : Quinito - 115 jogos;
Augusto Inácio -99 jogos;
Jaime Pacheco - 86 jogos;
Vítor Magalhães: Manuel Machado - 37 jogos;
Vítor Pontes - 26 jogos;
Norton de Matos - 13 jogos
Emílio Macedo da Silva - Manuel Cajuda - 88 jogos;
Manuel Machado - 46 jogos;
Paulo Sérgio - 30 jogos;
Júlio Mendes - Rui Vitória - 127 jogos;
Pedro Martins - 80 jogos;
Luís Castro - 39 jogos;
Miguel Pinto Lisboa - Ivo Vieira - 52 jogos;
Pepa - 40 jogos;
João Henriques - 25 jogos;
António Miguel Cardoso - Moreno - 47 jogos;
Álvaro Pacheco - 32 jogos;
Rui Borges - 30 jogos.
Deste exercício percebe-se que o clube tem sido incapaz de projectar o seu futuro. De seguir uma linha coerente. Navega à vista, mudando de treinador à primeira oportunidade.
Mas se a esta lista, juntarmos a inversa questionamos que filosofia tem sido o clube.
Assim, se o treinador com menos jogos com a camisola do Vitória foi Giba, contratado na época de 1969/70 e que, após dois jogos, foi-lhe detectada uma leucemia galopante que o fez morrer poucas semanas depois no Brasil, nos últimos anos encontramos:
- Tiago Mendes na época 2020/21 com 3 jogos;
- Daniel Sousa na temporada de 2024/25 com 3 jogos;
- Paulo Turra na temporada de 2023/24 com 6 jogos.
Tal denunciará uma linha errante que talvez justifique que o clube jamais tenha conseguido seguir uma filosofia coerente e capaz de dar frutos com paciência... mas dessa linha errante e dos treinadores com que os presidentes mais rapidamente perderam a paciência (num claro sinal que erraram nas suas contratações e não tomaram o devido cuidado na aposta que fizeram pouco tempo antes) trataremos numa publicação posterior...