COMO UMA CONTRATAÇÃO DESENCADEOU UM ENTUSIASMO NUNCA VISTO, FAZENDO OS VITORIANOS SONHAR COM TUDO...

Numa altura em que as transferências ocupam o imaginário de todos os adeptos, será bom lembrar uma das mais inesquecíveis contratações levadas a cabo pelo Vitória.

Estávamos na pré-temporada de 1995/96 e Quinito houvera abandonado o Vitória. Para o seu lugar chegara um jovem treinador, proveniente do Gil Vicente, chamado Vítor Oliveira e, verdade seja dita, não desencadeava tanto entusiasmo como algumas contratações desse exercício.

Entre essas, merecia destaque o nome de Vítor Paneira. Internacional português, com vários títulos conquistados pelo Benfica, incompatibilizara-se com o treinador Artur Jorge que lhe mostrara a porta de saída, pese embora os seus atributos técnicos acima da média e que faziam dele um dos melhores jogadores portugueses antes do aparecimento da primeira geração dourada.

Porém, não foi um processo fácil. Bastará consultar o jornal Notícias de Guimarães de 16 de Junho de 1995, em que o director do futebol vitoriano, Ricardo Pimenta Machado, confessava que "Vítor Paneira tem muito para dar ao futebol português. Quem me dera vê-lo no Vitória. Todavia, existia um problema, pois "ele tem propostas que o Vitória nunca poderá aproximar-se." Havia, apesar disso, uma ressalva, "a não ser que ele acredite no nosso projecto e, como jogador ainda novo que é, aposte mais no valor desportivo do que no financeiro."

Por essa razão, o processo de contratação do jogador conheceria avanços e recuos com Pimenta a prometer, inclusivamente, em sede de assembleia-geral, a formação de uma grande equipa (com Paneira incluído), ainda que, posteriormente, rumores colocassem o talentoso médio no futebol espanhol, no Sevilha. Além dos andaluzes, como o jogador haveria de reconhecer em entrevista à Tribuna Expresso de 25 de Abril de 2020, "tenho uma série de equipas interessadas. Tenho em Espanha, o Logroñés, na Suíça, o Sion, também tenho em Portugal o V. Guimarães, o Marítimo e o Belenenses."

Porém, a vontade de regressar a um emblema situado perto de onde era natural, a freguesia de Calendário no concelho de Vila Nova de Famalicão, ditaria leis, mesmo perdendo dinheiro como Ricardo Pimenta Machado vaticinara. Assim, "como saí mesmo abalado de Lisboa, a minha decisão foi vir para casa. Foi o meu primeiro pensamento. Tinha propostas muito mais vantajosas para mim, mas a minha opção foi o Vitória..."

Deste modo estaria presente como cabeça de cartaz da apresentação vitoriana, como a publicação referida com data de 14 de Julho de 1995 relatava. Aí, considerou que actuar no Vitória não era um passo atrás na sua carreira, pois "por vezes temos de descer 2 degraus para subir mais 3 ou 4." Todavia, ainda, não descartava abraçar uma aventura no estrangeiro, mas "só com o Vitória de acordo."

Tal nunca haveria de acontecer e durante 4 anos, Vítor seria uma das grandes estrelas vitorianas e um verdadeiro líder dentro de campo. Foram 142 jogos de Rei ao peito e 17 golos que o tornaram inesquecível...

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