No futebol actual, poucos são os jogadores que ficam muito tempo num clube...
A pressa de chegar ao mais alto lugar possível fá-los fazerem-se ao caminho com rapidez e sofreguidão, como se, mais do que o percurso trilhado, só a meta interessasse.
Porém, haverá excepções...
Excepções daqueles que saboreiam e fazem-nos saborear uma partida de futebol como se de uma refeição gourmet se tratasse. Daqueles que, no campo, seguem a filosofia do deleite com a bola nos pés, deixando-nos a perceber que o segredo para o sucesso será sempre uma leitura de jogo diferenciada, um passe teleguiado como um satélite entrecortado com toques de filigrana... quase fazendo-nos sentir que mais que o golo, o mais especial estará no modo como lá se chegou, nos caminhos que se trilharam, no passe ainda no meio campo defensivo que desbloqueou o labirinto adversário!
Tiago Silva é isso tudo, mas muito mais. Prestes a completar 150 partidas de Rei ao peito, tornou-se, facilmente, mais um vitoriano em campo. O modo como vibra com cada lance, o modo como defende o preto e o branco quando necessário, a assertividade com que na conferência de imprensa em Sevilha soube dar um murro na mesa, lembrando que o "Vitória jamais será coitadinho", demonstram que nestas quatro épocas soube absorver a filosofia de um clube centenário... e mais do que isso passá-la aos seus rebentos que, como faz questão de mostrar, são vitorianos desde o Berço.
E assim estará a conjugação perfeita... um futebolista que soube-se afirmar com o seu talento e cuja influência é indesmentível. Se as equipas vivem de referências, e felizmente o Vitória vai tendo algumas, o médio lisboeta estará num lugar cimeiro entre elas. E 150 jogos depois, esse contributo não será de desprezar, bem pelo contrário!