
Um a sonhar ser pianista, outro a querer ser médico mas a conseguir chegar ao topo e outro que acabou de camuflado a sonhar com cenários de guerra...
Mas, como pelo início!
Elias chegou mais cedo...
Estávamos no final do mercado de Janeiro de 2019/20 e o Vitória, na altura treinado por Ivo Vieira, trazia para os seus quadros um jovem alemão que houvera brilhado a grande altura nos escalões jovens e representado o RB Leipzig. Elias Abouchabaka era um número dez a quem se augurava... o mundo pincelado num campo de futebol! Um artista capaz de resolver jogos só por si...
No início da época seguinte, numa revolução no plantel, entre muitos outros, chegaram Yan-Aurel e Nicolas...
O primeiro, cujo nome de guerra é Bisseck, chegou proveniente do Colónia, depois de ter estado cedido a título de empréstimo aos neerlandeses do Roda. Jogador tido como grande esperança do futebol alemão, fora mesmo mais jovem jogador a estrear-se pelo seu clube. O Vitória só seria capaz de o contratar a título de empréstimo, ainda que com uma cláusula aquisitiva possível de ser efectivada, na ordem dos 900 mil euros.
Nicolas de nome e Tié de apelido, era a grande aposta para o futuro das redes vitorianas. Franco-marfinense, seria contratado menino pelos multimilionários londrinos do Chelsea onde chegara à equipa sub-23 dos blues. Era uma aposta de futuro, ainda que, no mesmo ano, os Conquistadores tivessem contratado os igualmente jovens Bruno Varela e Matous Trmal.
Porém, o futebol terá desígnios insondáveis...
Os três juntos realizaram um jogo na equipa principal vitoriana, sendo o feito por conta de Elias Abouchabaka quando jogou 9 minutos numa partida contra a B SAD no exercício em que chegou ao Vitória.
Assim, abandonariam todos o Vitória, sendo Bisseck o primeiro rumo ao futebol dinamarquês, o Aarhus. Posteriormente, sairiam Abouchabaka e Tié sem encontrarem clube que os recebesse.
Contudo, o futebol será mesmo um local estranho e imprevisível...
O gigante central daria nas vistas na Dinamarca, ao ponto de, passadas duas temporadas, ter sido vendido por 7,5 milhões de euros ao Inter de Milão onde é um dos elementos de confiança do treinador de Inzaghi. Internacional alemão, confessou recentemente que "- Quando estava em Guimarães, frequentemente sofria lesões e pensava: talvez seja melhor parar com isso e retornar ao meu plano inicial – estudar medicina. Perguntei a mim mesmo se realmente estava apto para o futebol profissional e estive muito perto de desistir." Não o fez, conseguindo salvar a carreira, ao contrário dos seus dois colegas de equipa, aqui mencionados.
Assim, Elias, que continuou em Guimarães até ao final da temporada de 2021/22, terá sido dos casos em que o jogador terá sentido não ter vocação para seguir uma carreira profissional. Aliás, segundo algumas vozes, não terá desistido mais cedo do futebol por uma quase imposição familiar que pretendia ter nele uma "galinha dos ovos d'ouro". Ao invés disso, e talvez de modo a expressar na máxima plenitude a alma de artista que se lhe antevia dentro de campo, sonhava ser... pianista!
Por fim, Tié, que, depois de ter realizado duas partidas pela equipa B na época de 2022/23, abandonou o Vitória para não mais encontrar equipa e abandonar o futebol. Essa decisão levou-o recentemente a abraçar uma nova actividade que passou por alistar-se no exército francês. Como o próprio referiu “-Fiz alguns bons testes, entrei no regimento que escolhi. Estou pronto, estou a treinar todos os dias para isto. Sempre gostei de carreiras militares, por isso disse a mim próprio: "Porque não alistar-me no exército? O meu padrasto é paraquedista na Costa do Marfim; eu ia ao quartel para observar... Isso inspirou-me."
O futebol é mesmo um local estranho...