Aquele ano de 2011/12 até começara cheio de esperança.
Com a base da equipa que na temporada anterior conseguira apurar-se para as competições europeias e com reforços como Pedro Mendes e Nuno Assis que pareciam indiciar uma bela temporada.
Mas, de um momento para o outro, tudo ruiria. Manuel Machado bateria com a porta após ter perdido a Supertaça Cândido Oliveira frente ao FC Porto e o escolhido Rui Vitória teria um primeiro treino de gritos, com os jogadores a serem apertados.
Mais do que isso, pese embora o novo treinador ter entrado em grande estilo ao golear na Choupana o Nacional da Madeira, depois de duas derrotas iniciais (uma com Machado e outra com o interino Basílio Marques), os Conquistadores voltariam a afundar-se com cinco jogos consecutivos sem vencer, sendo que a equipa só conseguiu pontuar num empate caseiro contra o vizinho e rival, ainda que tivesse de ultrapassar o tormento das grandes penalidades no estádio da Luz, quando Duarte Gomes, em pouco mais de dez minutos, a castigou com três castigos máximos.
Por isso, aquele jogo frente ao Rio Ave, que estava em penúltimo na tabela classificativa, mas à frente do Vitória, era de importância máxima, ainda para mais decorrendo após uma escaldante assembleia-geral que durou para lá das quatro da matina e em que Emílio Macedo da Silva viu as suas contas serem chumbadas... Com os Conquistadores a carregarem o pesado fardo da lanterna vermelha e sem o presidente no camarote era imperativo vencer os vilacondenses para não a equipa não ficar afundada no último lugar da tabela.
A alinhar com Nilson; Alex, João Paulo, N'Diaye, Bruno Teles; El Adoua, Pedro Mendes, João Alves, Nuno Assis; Toscano e Edgar, o Vitória até começou da melhor maneira possível com N'Diaye, numa recarga a um livre, a apontar o seu único golo de Rei ao peito.
O Vitória estava em vantagem, podia ter chegado ao segundo golo num tiro de João Alves aos ferros, mas depois é que seriam elas... Nilson teve de brilhar com duas defesas espectaculares, até que antes do intervalo, João Tomás fez valer a famigerada lei do ex... ele que pouco relevante fora na sua passagem por Guimarães, voltava a marcar, levando a contenda empatada para o balneário.
A segunda metade, como escreveu o Notícias de Guimarães de 04 de Novembro de 2011, seria de nervos, de pressão, "com o Vitória a sacudir a pressão que os vilacondenses imprimiam", com Nilson a ter de esconjurar diversos momentos de aflição. Era óbvio que "o grupo vive sobretudo uma preocupante crise emocional", que seria estabilizada cinco minutos para lá dos noventa, graças a uma grande penalidade cobrada por Nuno Assis, que significou um enorme suspiro de alívio de um grupo a caminhar sob brasas.
Apesar do Vitória continuar "ainda longe de abraçar uma qualidade de jogo recomendável", continuando "inconsistente e longe de um futebol pragmático que permita serenar a grandeza que a sua dimensão implica", o optimismo voltava como assumia o herói Nuno Assis: "- Foi uma transição fugaz pela lanterna vermelha. A partir de agora, vamos mostrar o nosso valor com a confiança e a moral necessária." O Vitória ganhava (alguma) paz...