Terá chegado num dos momentos mais difíceis do Vitória.
Com a equipa na segunda divisão, passados 41 anos, e a sofrer uma profunda revolução levada a cabo por Norton de Matos e a ter que levar em linha de conta a necessidade de severas restrições orçamentais, pois a Segunda Liga não gera receitas como o principal escalão do futebol nacional.
Mais do que isso, a aventura até nem terá começado da melhor forma. O Vitória, orientado pelo homem que o descobriu, demorou a encarreirar, ele só se estreou à terceira jornada, entrando como suplente, na derrota frente ao Penafiel e a afirmação seria difícil.
Porém, desde o primeiro momento, Desmarets percebeu que tinha chegado ao seu El Dorado, o local onde haveria de ser feliz... pese embora, todas essas dificuldades. Dificuldades essas que seriam sentidas pela sua própria mãe, que ao sentir que o filho parecia não estar a afirmar-se, o que a levava a sentir-se preocupada... pelo passo que dera na carreira, ao trocar a certeza que tinha na Cidade-Luz pelas incertezas da Cidade-Berço.
A resposta, contudo, além de profética, atendendo ao que o futuro haveria de trazer, haveria de selar um amor que dura até hoje: "- Está a correr bem, só quero avisar-te que é aqui! É aqui que vou viver, mesmo quando tudo acabar. Vou ficar aqui."
Pese embora a preocupação maternal lembrando-o de estar apenas há dois meses na Cidade-Berço e de ser natural de uma das cidades mais fantásticas do planeta Terra, Paris, manter-se irredutível: "É uma coisa que eu sinto e que não sei explicar."
Segundo o próprio, esse episódio ainda é recordado, muitas vezes, com a progenitora: "Lembras-te de ter-te dito que ia ficar em Guimarães? Estou aqui, na minha cidade, que é Guimarães! Serei sempre vimaranense."
E, até hoje, assim tem sido...e esse será o profundo fascínio de uma cidade que desde Zeferino, nos anos 30, que não era vimaranense, mas que haveria de viver aqui até ao final dos seus dias, tem sabido acolher quem pelo Vitória dá tudo de si!