COMO, ATRAVÉS DA IMPRENSA ITALIANA, RECORDAMOS A PRIMEIRA MÃO DE UMA BELA EPOPEIA...

Um documento quase inédito... pelo menos, em Portugal!

O título do Guerin Sportivo de 13 de Dezembro de 1996, e que nessa edição dava destaque na capa à Juventus e ao seu lendário avançado Alen Boksic, não deixava margem para dúvidas. Com efeito, fora o killer instinct do "Santo Padre Chiesa" a fazer o Parma respirar de alívio, naquela primeira mão da primeira eliminatória da Taça UEFA, disputada 3 dias antes.

Verdade seja dita que a missão que esperava Neno; José Carlos, Arley, Alexandre, Quim Berto; Marco Freitas, Toñino, Vítor Paneira; Capucho, Basílio Almeida e Riva parecia ser homérica. Do lado italiano, nomes como Fabio Cannavaro, Lilian Thuram, Nestor Sensini, Antonio Benarrivo, Dino Baggio, Zola ou Enrico Chiesa, treinados por Carlo Ancelotti, que se estreava nesse dia nas competições europeias como treinador, pareciam inclinar decisivamente a eliminatória a favor da equipa gialloblu.

Porém, a exibição vitoriana a todos surpreenderia. Aliás, o próprio Guerin Sportivo confessaria na sua crónica "que o Vitória era menos modesto, do que a sua estéril classificação no campeonato português poderia fazer pensar", já que os Conquistadores tinham arrancado esse exercício de modo dúbio e claudicante, tendo sofrido no jogo anterior ao europeu uma pesada derrota em Setúbal, por quatro tentos sem resposta.

Todavia, Chiesa haveria de ser decisivo ao abrir o activo, quase no final da primeira parte, "com um tiro que os espectadores presentes nas bancadas aplaudiram durante cinco minutos.”

Não obstante esse momento, a segunda parte seria diferente, merecendo destaque um herói chamado Gilmar. Tendo ficado no banco de suplentes, por questões de estratégia táctica, pois Pacheco, numa daquelas deliciosas tiradas, antes do jogo, houvera dito que "vamos jogar ao ataque, fechadinhos cá atrás", entraria em campo aos 73 minutos para o lugar de Riva. Quatro minutos depois, estaria a cabecear para o fundo da baliza defendida por Bucci, empatando a contenda.

Seis minutos depois, Chiesa haveria de colocar os transalpinos em vantagem, levando a que se escrevesse que "tem o mesmo instinto de Gigi Riva, o maior goleador italiano. Graças a ele, o Parma mesmo em noite de escassa inspiração, conseguiu conquistar um sucesso precioso." Felizmente, de nada lhe serviria, com o D. Afonso Henriques a viver uma das suas mais belas noites 15 dias depois, também graças a um herói que passou quase incógnito. Com efeito, a expulsão do espanhol Toñino, no último minuto da partida, impedindo que um avançado italiano se isolasse perante Neno e o pudesse desfeitear, terá sido tão determinante como os golos de Vítor Paneira e de Ricardo Lopes.

O Vitória ganhava o direito a sonhar...

Postagem Anterior Próxima Postagem