Foram três anos tenebrosos...
O Vitória ficara sem o seu Campo da Perdiz, como Bravo, lendário jogador, em entrevista datada de 1988 ao jornal do clube, contou. Com efeito, como o próprio reconheceu tal causou uma profunda mágoa nos seus atletas, sendo que "muitos foram para a sua terra, como os que eram de Fafe, como outros, noutras alturas, já tinham ido." Entre eles, estavam os irmãos Mendes (António, Adriano, Augusto e Artur), que viram-se na obrigação de abandonar o clube pela falta de certezas da sua continuidade.
Para o projecto Vitória não desaparecer de vez, tal como contou "rapazes como o Virgílio de Freitas, o Secândido, o Benjamim, o Mateiro, o Camilo, o Ricoca, o Mário, o Albano e o Pafúncio juntamente com outros não o deixaram acabar.", impedindo que o clube perecesse por falta de jogadores.
Com a equipa a não poder actuar em Guimarães por falta de campos de jogo, tinha de procurar recintos para actuar longe de Guimarães. Para facilitar a empreitada, "Alguns carolas ajudavam a rapaziada a pagar as camionetas que se fretavam para o Vitória se deslocar ali e acolá e a chama ia-se mantendo." Daí a escolha da camioneta para ilustrar esta história, de modo a realçar a importância que teve para a sobrevivência vitoriana.
Desse tempo, o talentoso Bravo quis destacar um elemento, que encarnava o verdadeiro espírito vitoriano, aquele sentimento que perpassará em todos aqueles que amam o clube do Rei, lembrando um jogador chamado Jaime (Preto). Segundo o entrevistado "...era o primeiro a aparecer na camioneta e nunca faltava." Porém, "era uma espécie de tapa buracos, uma vez que só jogava quando algum faltava, mas jogou várias vezes a avançado, a médio, a defesa e até a guarda-redes." Por isso, nunca terá atingido grande notoriedade, mas terá demonstrado o que era o verdadeiro amor ao clube, dando o que ele precisava, sem jamais dizer-lhe que não!