COMO NAQUELES ANOS 80, A CASA DO REI ANDAVA A DUAS VELOCIDADES, MESCLANDO AS OBRIGAÇÕES AUTÁRQUICAS COM O ESMERO DO CLUBE...

A fotografia retrata a construção da Bancada Central no, então, estádio Municipal de Guimarães, onde hoje se ergue a infra-estrutura conhecida por Poente.

Estávamos entre os anos de 1981 e 82 e o aspecto da nova construção e das já existentes representavam o aspecto precário do recinto onde os atletas vitorianos evoluíam, numa realidade que haveria de durar mais alguns anos.

Aliás, seria num Municipal, ainda, em deficientes condições, apesar de já contar com uma Bancada Central coberta e com umas cadeiras de cor laranja a servirem de cativos que o Vitória haveria de viver jornadas gloriosas como quando bateu o Sparta Praga, o Atlético de Madrid ou venceu a primeira mão da Supertaça Cândido de Oliveira perante o FC Porto.

Porém, ainda antes desse momento, o jornal do Vitória de 06 de Setembro de 1985 alertava para um "Estádio Municipal com aspecto desolador." Uma constatação que todos os vitorianos sentiam, pois "toda a gente se queixa em Guimarães. O estádio, propriedade do município, tem um aspecto exterior bastante desolador."

Este passava pelos "portões das bancadas estão quase todos corroídos pela erosão provocada pelo tempo. Os muros parecem mais antigos que as paredes do castelo que lá no alto observa toda a cidade." Da parte de fora do Municipal percebia-se ainda que os arruamentos não estavam feitos, o que tornava os acessos difíceis.

No interior do estádio, junto da pista que existia e que separava as bancadas do relvado, bem como atrás de uma das balizas, "... a erva-daninha cresce a seu bel-prazer e no que se refere ao terreno de jogo o seu estado continua lastimável."

Para além das condições relatadas a serem o dia a dia vitoriano, o treinador António Morais "... já nos disse que considera isto um relvado é uma autêntica heresia." Assim, temia-se que quando chegasse o Inverno, os jogadores tivessem de praticar "...futebol...aquático."

A responsabilidade pela melhoria destas valências era do Município, já que no seu interior, como se escrevia, "...outro galo canta." Na verdade, onde não chegava a responsabilidade do Município "o estádio conta com amplos e higiénicos balneários, com um departamento médico de se lhe tirar o chapéu, não faltando uma gama de aparelhos sofisticados para cuidar da saúde dos atletas..." Aliás, "isso e muitas outras coisas existem no interior das instalações."

Por isso, numa altura de intensa pressão para a edilidade fazer os melhoramentos a que se comprometera, em troca do Vitória não obstar aqui Vizela tivesse podido actuar no Municipal, concluía-se que os responsáveis pelas inovações, certamente, que "os mesmos da parte exterior não devem ser com certeza. O antagonismo é evidente, mas custa aceitar pelas gentes vitorianas."

Por estes tempos, a casa vitoriana andava a duas velocidades para desgosto de todos os adeptos Conquistadores...

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