Hoje, provavelmente, uma das grandes pechas do futebol vimaranense passará pela inexistência de elementos nos órgãos directivos da AF Braga. Com efeito, paulatinamente, Guimarães e o Vitória, mais especificamente, foram perdendo influência no órgão máximo associativo distrital.
Na verdade, nem mesmo depois da saída de Gil Mesquita, antigo presidente vitoriano da liderança do órgão, substituído pelo bracarense Mesquita Machado, Guimarães perdeu força nos corredores do poder.
Assim, estávamos no início do ano de 1994, e na sua edição de 14 de Janeiro, o jornal Povo de Guimarães apresentava o sugestivo título de "Guimarães com forte representação na AF Braga."
O parágrafo que iniciava o texto, ainda, era mais entusiasmante ao dizer que "Quem assistisse na passada Sexta-feira à posse dos novos Corpos Gerentes da A.F. Braga, admitiria que a sede do Distrito se tinha passado para Guimarães, já que um grande número de empossados tinha origem nos clubes vimaranenses."
Com efeito, Guimarães era a cidade bandeira do distrito com seis clubes a disputarem os campeonatos nacionais, enquanto Braga, Famalicão e Esposende, apenas, tinham dois e Fafe, Amares, Póvoa de Lanhoso e Vieira do Minho, apenas, um.
Deste modo, não obstante, a Direcção do órgão ser liderada pelo referido Mesquita Machado, esta tinha dois vice-presidentes de Guimarães: Arlindo Rocha indicado pelo Vitória e José António Freitas, indigitado pelo Moreirense, mas que houvera sido Chefe do Departamento de Futebol do Vitória na década anterior; ou seja a de 80. Numa altura em que Vizela, ainda, era Guimarães, como vogal surgia Manuel Machado, que hoje é o presidente da Associação, e que fora presidente da direcção e da Assembleia-Geral do Vizela e Fernando Sílvio ligado aos Caçadores das Taipas.
O Conselho de Disciplina, esse, era liderado por Avelino Marques, também ligado ao Caçadores das Taipas, sendo o seu vice-presidente Jorge Gonçalves, "Delegado do Ministério Público no Tribunal de Guimarães e residente em Fafe."
O Conselho de Arbitragem, esse, era comandado pelo vimaranense Passos Rodrigues "...contra a vontade dos clubes de Braga mas apoiado pelos clubes de Guimarães” e coadjuvado por Álvaro Costa, que era presidente da junta da Oliveira e antigo árbitro. Como vogal, ainda, aparecia José Antunes, "... uma conhecida figura das Assembleias-Gerais do Vitória. Delegado Vitoriano na freguesia de Azurém..."
Falemos do Conselho Técnico, encabeçado por Alberto Oliveira, um antigo árbitro, que vivia em São Torcato e era presidente do Grupo Folclórico da Corredoura.
O Conselho de Contas era onde "... mais Vimaranenses surgem." Cândido Capela Dias indicado pelo Ronfe, Júlio Dias pelo Moreirense e Rogério Lemos pelo Vizela. Apesar de não ser vimaranense, também, Fernando Dalot, indicado pelo Vieira, tinha ligações a Guimarães. Na verdade, "...exerce a sua actividade profissional em Pevidém e que é filho do Secretário da Conservatória Notarial de Guimarães, Luís Dalot."
No Conselho Jurisdicional estavam, igualmente, duas figuras ligadas a Guimarães. Eram eles, o vice-presidente Elísio Lobo, residente em Ronfe e advogado na Câmara Municipal e o, também, advogado Armindo Faria, natural de Vizela.
Com tanta gente nos órgãos, causava estranheza, apenas, não existirem vimaranenses na Assembleia-Geral... mas havia a certeza que a defesa dos clubes concelhios estava garantida!