COMO A LESÃO DE ROLA, QUE QUASE COLOCOU-LHE EM RISCO A CARREIRA, GOROU OS INTENTOS DO ETERNO RIVAL EM REFORÇAR-SE EM GUIMARÃES...

Já fomos aqui falando de Joaquim Tavares Guiomar, que ficou conhecido por Rola e nos últimos anos de vida desempenhava a função de prospector de jovens talentos nas escolas do concelho e por outros locais onde a miudagem exibisse as suas qualidades.

Porém, a sua história com o Vitória começou muito antes, mais propriamente no início da temporada de 1953/54, para aqui, como tantos outros atletas, assentar arraiais até ao final da sua vida, jogando de Rei ao peito até ao final da temporada de 1961/62, ainda que nesta acumulasse, durante parte do exercício, as funções de jogador e de treinador.

Contudo, o talentoso esquerdino, autor de golos importantes como aqueles que ajudaram a bater o Salgueiros no play-off de promoção à Primeira Divisão na época de 1957/58, sempre teve de conviver com o drama das lesões, como o próprio confessou em entrevista ao jornal A Bola de 05 de Setembro de 1959, em que referia ter actuado era mais de 500 jogos divididos em 14 anos de actividade, ainda que interrompida por causa das operações. Explicaria, que tivera de recorrer a "duas operações em Lisboa e uma em Guimarães. Tirei todos os meniscos. E na intervenção de Guimarães, foram logo dois de uma vez. Sou um recordista como se vê."

Um recordista que haveria de ser novamente posto à prova, quando se lesionou gravemente a 27 de Novembro de 1960, numa contenda disputada na Amorosa frente à CUF e em que tudo correu mal ao conjunto vitoriano, levando a que o Notícias de Guimarães de 04 de Dezembro desse ano escrevesse que "Um mal nunca vem só." Referia-se, pois, à derrota vitoriana, mas também ao conhecimento da morte de Francisco Costa, antigo capitão de equipa e ainda jovem, bem como à lesão do influente Rola que era assim descrita, enquanto se analisavam os seus colegas: "... da improdutividade de Daniel por falta de colaboração de Romeu e depois depois umas achegazinhas ao treinador, terminava por se atirar ao juiz da partida por não ter marcado uma grande penalidade quando Orlando carregou Rola causando-lhe a fractura de um joelho.". Numa altura em que não eram permitidas substituições, o Vitória ficava reduzido a dez unidades e em vez de ter direito a uma grande penalidade que poderia levá-lo, numa altura em que perdia por duas bolas a zero, a encurtar distâncias no marcador, sofria uma dura e definitiva machadada nas suas pretensões.

Todavia, mais do que o surpreendente e pesado resultado, a preocupação estava com Rola "...a ponto de se duvidar do êxito da sua recuperação para o futebol." Na verdade, como escreveu a Bola de 01 de Dezembro de 1960, "radiografado pelo antigo presidente do clube, Dr. Mota Prego Faria, verificou-se que houve, realmente, ruptura de ligamentos do joelho, mas felizmente a rótula não sofreu qualquer fractura na deslocação provocada pela queda."

Não voltaria a jogar mais época, sendo que na subsequente, fruto de uma época difícil pouco o faria, concentrando-se mais nas actividades de treinador. Porém, a sua gravíssima lesão goraria os intentos do eterno rival, que se aprestava para contratar o extremo Bártolo ao Vitória, que até à altura, pouco tinha jogado. Com efeito, "o Vitória, de Guimarães, numa manifestação simpática de camaradagem, estava na disposição de ceder o referido jogador, em condições que deveriam ser estudadas no gabinete." Mas, o azar de Rola, extremo esquerdo titular, fez com que Bártolo voltasse a ser opção durante toda essa temporada... só rumando à cidade vizinha na seguinte! Coisas do futebol...

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