COMO AQUELE DESAFIO COM O SPORTING FOI ESCALDANTE POR UM PEDIDO DESPROPOSITADO DE ESCOLTA, TUDO POR CAUSA DE UM TALENTOSO BRASILEIRO, CONHECIDO POR CHICLETE, E QUE, À FALSA FÉ, TROCARA OS CONQUISTADORES PELOS LEÕES...

Já aqui na página contamos a história da perda de José Morais, conhecido por Chiclete, um dos maiores artífices do quarto lugar da temporada de 1965/66, para o Sporting. Um golpe tão grande que levou a que fosse convocada uma assembleia-geral do Vitória no Teatro Jordão e que fez mesmo com que o Padre António, um clérigo de indiscutível vitorianismo, excomungasse o dirigente sportinguista, Abraham Sorin, tido como responsável pela transferência do jogador.

Com o clima inflamado em Guimarães por tal atitude, suportada pela complacência da instituição federativa, não fosse ela composta por muitos elementos indicados pelo clube lisboeta, previa-se que a partida frente ao Sporting naquele dia 27 de Novembro de 1966, fosse escaldante. Assim o seria...

Desde logo, como o Notícias de Guimarães de 04 de Dezembro de 1966 relatou", a partir do momento em que se tomou conhecimento, "... confirmado pela própria imprensa diária desportiva de que o Sporting Clube de Portugal pedira(...) escolta da força pública e garantias de protecção à embaixada futebolística que deslocava.", desde a cidade do Porto, onde esta estava alojada, até Guimarães. Como escrevia a referida publicação, "...

Ora, como escrevia esta publicação, "a atitude do clube lisboeta tem todo o aspecto de insólito e testemunha sem controvérsia de qualquer espécie, a índole dos seus actuais administradores, que mostram, por evidência, julgar os outros por aquilo que eles são. (...) o que há uns anos a esta parte, tem levado variadas conectividades ao corte de relações de convivência com o Sporting Clube de Portugal, dentro da intenção manifesta de evitar o juízo de "diz-me com quem andas que te direi as manhas que tens."

Porém, a verdade é que o inusitado pedido levou a que o Governo Civil do Distrito colocasse a questão à Câmara Municipal que viu-se na contingência de chamar os directores vitorianos que, simplesmente, mostraram o seu enfado com o sucedido, ainda que tal não apagasse que "... não passam, portanto, de vasos pobres de espírito aqueles que, de momento, estão na governança leonina."

Quanto ao jogo, com o Vitória a alinhar com Roldão; Gualter, Manuel Pinto, Joaquim Jorge, Costeado; Silva, Ribeiro; Peres, Miranda, Mendes e Lázaro, "...perdeu magnífica oportunidade de construir um resultado que ficaria certamente a constituir capítulo na história entre as duas equipas." Mesmo assim, e sem qualquer incidente digno de registo, o Vitória iria para o intervalo a vencer por duas bolas a zero, graças aos golos de Peres e de Ribeiro. Todavia, na segunda parte, a equipa relaxaria, permitindo que os Leões reduzissem diferenças, mas mesmo assim sem colocar em causa o triunfo.

O Vitória conseguia um dos melhores resultados da temporada e "a atitude do Sporting Clube de Portugal mereceu cabal desmentido já que, de todas as maneiras, demonstrámos, no último domingo, uma correcção que é nosso orgulho e apanágio." Por isso, "a questão posta ao Governo Civil do nosso Distrito, não passou duma difamação. Quem lança, assim, uma difamação tem de responsabilizar-se por ela. Por que não pedimos, então por vias judiciais, o desagravo a que temos indiscutível direito?"

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