É verdade que este plantel do Vitória tem limitações.
A venda de Ricardo Mangas colocou desafios na construção da equipa ao anterior treinador e irá colocar, agora, a Daniel Sousa. E bastará lembrar que o actual emigrante na Rússia, apesar do êxito das suas derradeiras prestações de Rei ao peito, era uma adaptação à extrema esquerda, inexistindo um homem capaz de desempenhar o lugar.
Por isso, depois da partida deste e com Nuno Santos, na maioria das vezes, a ser adaptado aquela posição, as oportunidades de João Mendes ser utilizado com maior frequência no espaço da sua predilecção aumentaram exponencialmente.
Porém, o "Puro", como é conhecido pelos seus colegas, e como o anterior treinador explicou tal alcunha devia-se à limpeza e capacidade de pautar o jogo, parece uma sombra do homem que, na temporada passada, muitas vezes foi chamado de mágico.
É verdade que João teve de superar uma melindrosa e longa lesão. Que, durante as férias, esteve sempre a realizar um minucioso trabalho de recuperação, de modo a tornar-se à disposição da equipa o mais rapidamente possível. E conseguiu-o, sendo aquele golo frente aos bósnios do Zrinjski um símbolo inelutável do seu regresso.
Apesar disso, João tem sido diametralmente diverso do jogador do ano passado. Como se tivesse necessidade de a cada passe, a cada finta, provar que é diferenciado. Como se no simples, também, não se escondesse a beleza do futebol e, acima de tudo, a sua eficácia. Este João, acima de tudo, parece em conflito consigo próprio, em busca da sua melhor versão...e que jeito dava ao Vitória aquele jogador que, há um ano, estourou com a Pedreira à lei da bomba!