COMO, EM FARO, PEDROTO SAFOU A CABEÇA, VOLTANDO A SER BESTIAL, NUMA ALTURA EM QUE PARECIA QUE O DESPEDIMENTO PARECIA INEVITÁVEL

Aquela temporada de 1993/94 era de grandes esperanças.

Para além do Vitória contar com uma equipa extraordinária com nomes como Brassard, Tanta, Quim Berto, Dimas, Paulo Bento, Pedro Barbosa, Zahovic ou Ziad, o bom trabalho efectuado por Bernardino Pedroto na segunda metade da temporada anterior deixava fundadas esperanças na reconquista de um lugar europeu.

Porém, a verdade é que o início do exercício, apesar de ter arrancado com dois triunfos e um empate nas três primeiras partidas, foi titubeante, a ponto de a derrota depois em Barcelos, frente ao Gil Vicente, depois de ter chegado ao intervalo a vencer, colocou o lugar de Bernardino Pedroto em risco.

Assim, aquela partida em Faro era tida como decisiva. Desde logo, pela dificuldade que o jogo acarretava, pelo facto de a última vez que o Vitória lá tinha vencido ter sido na inesquecível época de 1986/87, com Marinho Peres ao leme e Paulinho Cascavel a partir a loiça. Além disso, pelo facto de como escreveu o Notícias de Guimarães de 03 de Dezembro de 1993, "durante a semana transacta pairou no ar da cidade de Guimarães, especialmente após visionarem as declarações do Presidente Pimenta Machado na RTP, a ideia de que jogo contra o Farense podia ser a despedida de Bernardino Pedroto." Na verdade, como a publicação reconhecia, "Quando as coisas correm mal quem paga a factura é o treinador. Que passa num ápice de bestial a besta e não faltavam adeptos vitorianos a apelidar Pedroto de uma grande besta." Aliás, a adir ao descontentamento dos adeptos, corria nos meandros que Pimenta já houvera acertado tudo com outro treinador, esperando, apenas, mais um desenlace negativo da equipa para reformular a casa.

Porém, naquele Domingo, dia 28 de Novembro de 1993, véspera do Pinheiro, o Vitória a alinhar com Brassard; Basílio, Matias, Tanta, Dimas; Paulo Bento, N'Dinga, Pedro Barbosa, Zahovic; Dane e Ziad, "...a equipa deu a mais cabal resposta da sua vontade e da sua capacidade." Assim, logo aos 10 minutos, Paulo Bento haveria de cobrar de forma irrepreensível uma grande penalidade, colocando o Vitória a ganhar. A partir desse momento, "Mostrou-se unida e jogou concentrada durante os 90 minutos. Valor? Isso há muito que lhe é reconhecido. O importante é jogar sempre com grande determinação." Porém, além disso, reconhecia-se a destemida arbitragem do juiz Vítor Pereira, pois "... não é todos os domingos que se encontra um árbitro capaz de mostrar coragem para marcar um penalty contra a equipa da casa e anular um golo a esta."

E, assim, Pedroto voltava a passar de besta a bestial e a ganhar uma segunda vida, que o haveria de levar até ao final do campeonato... ainda que perdesse o apuramento europeu como uma ponta final de campeonato calamitosa e que selou o destino ao treinador. Mas isso serão outras histórias...


 

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