COMO NENO CHEGOU AO VITÓRIA, APAIXONANDO-SE, DE IMEDIATO, PELA CIDADE QUE SERIA A SUA PARA A ETERNIDADE...

Neno será dos nomes mais marcantes da história vitoriana. Uma história que só a morte foi capaz de interromper, num choque do qual muitos hoje ainda não recuperaram e, muito menos, se conformaram.

No fundo, perceber-se-á tal dor. A história do guardião, apaixonado pela vida, pela música e por Júlio Iglésias com a Cidade Berço poderia ser a letra de uma canções de romantismo inabalável que amava cantar.

Cabo-verdiano de nascimento, seria no Barreiro que começou a dar nas vistas ao voar entre os postes. Um talento felino que despertou a cobiça dos maiores rivais lisboetas, levando-o a optar pelo Benfica. Porém, na Luz não teria afirmação fácil, muito por culpa da partida repentina de Tomislav Ivic em plena pré-temporada de 1984/85. Substituído pelo húngaro Pal Csernai, Neno que era aposta do anterior técnico, perderia espaço e percebeu que a sua hipótese era arriscar sair, por empréstimo.

Como reconheceu em entrevista à Tribunal Expresso de 11 de Julho de 2020, fruto dessa situação, o presidente Fernando Martins propôs-lhe o empréstimo ao Vitória, que imediatamente aceitou.

Não se arrependeria, pois, teve uma adaptação fantástica, já que "Guimarães é uma cidade que sabe receber. Quando cheguei, senti-me logo em casa. Até hoje." Um sentimento justificado pelo facto de "naquela altura o jogador da bola era visto como um príncipe, porque rei já temos o D. Afonso Henriques [risos]. Quando cheguei pensei: "Esta cidade ama o seu clube, ama os seus jogadores como ninguém."

Este conforto seria reforçado por ter-se sentido de imediato útil, apesar de ter chegado, apenas, à sexta jornada. Assim, "o Manuel Machado depois explicou-me porque é que joguei logo muito. Porque era muito mais alto do que o Jesus, o guarda-redes titular do Vitória, que era muito pequenino, e era muito mais rápido do que ele também. E o belga queria que jogássemos muito em contra ataque. Foi essencialmente isso que fez com que eu jogasse, porque o Jesus era muito mais experiente. Fiquei dois jogos no banco e depois comecei a jogar e a época correu-me muito bem." Estrear-se-ia num triunfo por três bolas a duas sobre o Rio Ave, a 07 de Outubro de 1984, em que valeram os dois golos de Gregório Freixo e o de Paquito perto do final da contenda.

Um êxito tão grande que o fez disputar 20 partidas de Rei ao Peito e que, apesar da má temporada a nível colectivo, reabriu-lhe as portas da Luz.

Só passadas três épocas haveria de voltar ao Vitória, novamente como emprestado, para em dois anos conseguir, inclusivamente, tornar-se internacional AA português, mas isso será material para outra história!

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