I - Não acreditamos em bruxas, mas que elas existem, existem! E este Vitória parece estar afectado por uma estanha maldição, ainda que aliada a um bloqueio psicológico que tem andado de mãos dadas com a equipa que já lhe custaram 8 pontos com 4 empates nos períodos de descontos das partidas frente ao Estrela da Amadora, Boavista, Nacional e, hoje, em Faro.
II - Na estreia de Daniel Sousa ao leme vitoriano, os Conquistadores foram uma cópia fiel do que tinham sido sob o comando de Rui Borges. No tradicional 4-3-3, o Vitória assumiu com facilidade o comando do jogo, passando quase de imediato a alardear a sua imagem de marca: excessivo volume de jogo para a concretização que continua a ser deficitária.
III - E, como quem não marca, sofre, apareceu outro traço de carácter da equipa: as insuficiências defensivas nos lances de bola parada, com o Farense a adiantar-se no marcador, na sequência de um canto. Injusto, sim! Imerecido, sem dúvida! Mas, a verdade é que tem sido uma situação recorrente, sem que seja descoberto um antídoto para obstar àquela que tem sido a "kriptonyte" vitoriana.
IV - E, assim, se chegou ao intervalo, com os Conquistadores em desvantagem, que era completamente injustificada, mas que era sinal da inoperância em conseguir marcar golos. No futebol moderno, a eficácia será sempre o valor mais alto, pois como diria o mestre da táctica "a nota artística é para a patinagem no gelo e ginástica rítmica."
V - Na segunda metade, tudo se manteve à excepção do Vitória ter acertado com as malhas adversárias quase de imediato. Alberto, em jogada extraordinária, ele que voltou a fazer uma partida absolutamente irrepreensível (fazendo-nos temer o que possa acontecer no próximo mês) em jogada individual, adocicada por uma assistência de nível superior fez com que Gustavo empatasse a partida. Acreditou-se, nesse momento, que os Conquistadores tinham tudo para quebrar o enguiço que os leva a não vencerem fora de casa para o campeonato desde Setembro passado.
VI - Porém, a partir daí, tudo voltou ao que fora na primeira parte. Bolas ao poste, falhanços incríveis na cara do guardião algarvio, defesas miraculosas deste e o Vitória a ser incapaz de passar para a vantagem que era tão justa, quanto merecida. Porém, esta equipa tem uma relação difícil com o golo, como as estatísticas demonstram e pareceu que o empate a um seria o resultado final.
VII - Contudo, à entrada do período de compensação, pareceu, finalmente, que o enguiço estava quebrado. Nova grande jogada de Alberto na direita, dá a bola para Samu que não falhou. Estava feito o que se pensou ser mais difícil, num campo difícil, perante um adversário manhoso, a jogar à antiga portuguesa, mas apoiado por um público que torna o São Luís um campo especial.
VIII - A partir daí, assistiu-se a outro jogo com o Farense lançado para o ataque...mas o Vitória a desperdiçar de modo incrível o terceiro golo, num lance em que o recém-entrado Telmo Arcanjo "teve mais olhos do que barriga" e, em vez de dar a bola a José Bica que só teria de confirmar o golo, optou por tentar ser feliz... fazendo com que a oportunidade se gorasse. Perdida a oportunidade de matar o jogo, aconteceria o que já dava quase para uma novela neste campeonato: sofrer o empate a dois na última jogada do desafio. Desta feita, não foi de um canto, mas de um lançamento de linha lateral que foi longo para a área Conquistadora. A defesa alivia e com Bica a dormir, permitindo Neto chegar à vontade à bola, surgiu o remate desviado em Mikel e a enganar Varela. Mais uma vez o Vitória sofria o empate!
IX - Injusto, sim! Mas a verdade é que à primeira todos caem, à segunda ainda há benefício da dúvida e à terceira só quem tem faculdades mentais reduzidas. Imaginem à quarta.... Todos nós gostamos de ver o Vitória a jogar bem, a dar espectáculo! Mas, ficamos muito mais felizes quando ganha. E, não há vergonha nenhuma, nos últimos minutos das partidas, em fechar a porta. Meter mais um central, Um trinco. Dar altura à defesa. Colocar alguém rijo para as bolas divididas. Tal como Rui Borges fazia, Daniel Sousa não optou por isso! Teve mais uns pontos na nota artística, mas como não estamos a contar ver o Vitória nos Jogos Olímpicos perderam-se dois pontos que tanta falta poderão fazer!
X - O campeonato ainda nem a meio vai. Mas é preocupante uma equipa que tanto joga só ter vencido por duas vezes depois da sexta jornada e ambas em casa. Além disso, estes golos sofridos nos últimos momentos poderão dilacerar a confiança de um conjunto que joga bem, mas que está com dificuldades em triunfar. A seguir virá o Sporting...de Rui Borges! Num jogo difícil mas de alguma incógnita, pois não sabemos o cunho que o antigo treinador do Vitória empreenderá aos Leões. Independentemente disso, urge vencer, para o comboio europeu não ficar demasiado afastado. É que não adianta andar a infamar o ego em alguns jogos europeus, para no mesmo ano perder-se esse estatuto por incompetência, ineficácia e bloqueio psicológico nos últimos minutos.
XI - VIVA O VITÓRIA...SEMPRE!