COMO BASAÚLA CHEGOU A GUIMARÃES, NUMA HISTÓRIA PRÓPRIA DE UM FILME, PARA, AOS POUCOS, ADAPTAR-SE AO CLUBE E A PORTUGAL...ONDE FICOU PARA SEMPRE!

Basaúla Lemba, um dos três zairenses que chegaram ao Vitória naquela inesquecível época de 1986/87 que ficará gravado na eternidade dos Conquistadores.

Falamos de um médio todo-terreno, pleno de recursos técnicos, que chegou ao Vitória de modo pouco convencional como o próprio confessou em entrevista ao Mais Futebol de 29 de Janeiro de 2014. Assim, como referiu o seu destino nem sequer era para ser o Vitória, mas sim os franceses do Nice, num processo que teve, inclusivamente, contornos de polícia e de revolta popular. Deste modo, "Eu e o N’Dinga jogávamos no Imana. O presidente do Vita foi comprar-nos para nos levar para o Nice, de França. Mas não se podia mudar assim de um clube para o outro. Deixámos de poder andar na rua de dia, só podíamos sair com guarda-costas."

Assim, numa situação limite, urgia tomar uma medida de força que lhe permitisse prosseguir uma carreira que se antevia fulgurante na referida Gália. Por essa razão, "... fugimos de barco, de noite, para o Congo (Congo-Brazzaville) e daí para Portugal, de avião. Íamos fazer escala..."

Porém, como Valter Ferreira, empresário dos jogadores, tinha boas relações com o presidente vitoriano, Pimenta Machado, haveria de convencê-lo a avançar para a contratação desses três atletas que, segundo ele, seriam a pedra de toque de um conjunto que no ano anterior houvera conseguido classificar-se num belo quarto lugar do campeonato.

Seria, contudo, o zairense com mais dificuldades de afirmação na equipa de Marinho Peres. Fruto da limitação de estrangeiros, foi utilizado por, apenas, treze vezes nesse ano, principalmente em partidas europeias e da Taça de Portugal. Com maiores dificuldades de adaptação, como assumiu ao dizer que "Eu e o N´Dinga não falávamos português. Tínhamos aprendido a palavra bife e mais nada. Adorávamos bifes... Íamos aos restaurantes e ficávamos a ver as travessas das outras mesas. Era assim que decidíamos o que escolher", seria emprestado ao Elvas, onde esteve uma temporada, e duas ao Estrela da Amadora, onde com a camisola do emblema estrelista marcou um dos golos mais dolorosos da história vitoriana... aquele que arredou os Conquistadores da final da Taça de Portugal de 1989/90.

Haveria, depois disso, de regressar aos Conquistadores para, durante cinco temporada, ser uma peça chave na zona medular vitoriana... e pensar que tudo começou com uma fuga de barco do seu Congo natal para criar raízes em Portugal até aos dias de hoje!

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