COMO OS FILHOS DE UM DEUS MENOR PARA UM PAÍS HABITUADO A ADULAR SEMPRE OS MESMOS, CONTINUAM COM UMA INESQUECÍVEL EPOPEIA!

I - O país habituado a incensar sempre os mesmos continua a engolir em seco. Os valentes Conquistadores, orientados por Rui Borges, foram capazes de espalhar classe na Suíça, vencer de modo claro e quase carimbar o apuramento directo para os oitavos de final da Liga das Conferências.

II - Na Suíça, apoiado por mais de dois mil adeptos, que se fossem de outro clube qualquer mereceriam várias reportagens e directos, todas as apostas de Rui Borges revelaram-se inatacáveis e insuperáveis. Na verdade, todos os elementos lançados em liça foram insuperáveis na abnegação, na capacidade de superação e, acima de tudo em talento que atarantou completamente a equipa da casa.

III - Contudo, as primeiras grandes oportunidades flagrantes do jogo até seriam dos suíços. Valeram por duas vezes os reflexos felinos de Bruno Varela a permitir que o jogo continuasse igualado, permitindo os homens à sua frente respirar e começarem a espraiar o futebol que trazem no corpo e que deixa a maioria dos rivais atarantados.

IV - Assim, o primeiro golo vitoriano apontado por João Mendes, após extraordinária jogada colectiva foi o prelúdio para uma exibição plena, cheia de inteligência e objectividade, em que se controlou o jogo sem jamais descurar de alvejar a baliza adversária. Seria essa a receita para noventa minutos do mais fino quilate, do melhor que se viu na presente temporada.

V - A confirmar essa realidade, até ao final da segunda metade o segundo golo esteve iminente. Por imperícia dos avançados vitorianos, por algumas defesas "à peixinho" do guardião do Saint-Gallen, ao intervalo o resultado era absolutamente lisonjeiro para a equipa da casa.

VI - Na segunda metade, os anfitriões entraram decididos em igualar armas. Em empatar a contenda. Porém, ao entusiasmo suíço contrapuseram os vitorianos com gelo no jogo, qualidade nas transições e perigo no contragolpe e demonstraram que o segundo golo seria uma questão de segundos... de uma ligeira afinação que haveria de surgir em mais uma jogada de compêndio que Gustavo Silva não perdoou. Pensou-se que a questão estava resolvida.

VII - Puro dos enganos, ainda que aos trabmbolhões. Com efeito, sem que nada o fizesse prever, quando o terceiro golo vitoriano parecia quase uma fatalidade, surgiria aos trambolhões o tento suiço. Alberto superado na área e empertigamento adversário a fazer temer um filme algumas vezes visto!

VIII - Contudo, à qualidade hoje os Conquistadores vitorianos adicionaram frieza e presença de espírito. Souberam sofrer com o jogo directo do Saint-Gallen, ainda que dele pouco perigo resultasse. E já com a equipa renovada, um contra-ataque letal levou a que Alberto, que como diria Gabriel Alves "parece ter três pulmões", fuzilasse a baliza contrária e nos fizesse ficar com uma certeza... para lá do estratosférico e mais do que multimilionário Chelsea, a liderança da Liga das Conferências é vitoriana!

IX - Com o terceiro golo no bolso e o jogo a caminhar para o seu final, sucederam-se as oportunidades para tornar o resultado ainda mais robusto. Bica, à sua conta, falhou duas. Manu tentou o golo que nem Pelé marcou para lá do meio campo. Arcanjo desperdiçou outra flagrante. E seria Samu a carimbar o quarto tento, numa cereja de um bolo delicioso chamado de confirmação do manancial de qualidade da equipa.

X - O Vitória ficou, assim, com o apuramento directo para os oitavos de final da prova no bolso. Um percurso quase imaculado feito de sacrifício, luta e brilhantismo e que terá a sua prova dos noves na próxima Quinta-feira frente à bi vice-campeã da prova e uma das equipas sensação da Série A italiana da presente temporada, a Fiorentina. Um jogo apaixonante que poderá servir para fechar com chave de ouro um percurso inesquecível.

XI - Antes disso, ainda haverá o jogo em Vila do Conde. Importantíssimo para não deixar de olhar para o quarto posto. Mas, acima de tudo, um jogo de dificuldade acrescida, que deverá ser olhado com a ambição e com o espírito das últimas semanas.

XII - O que estariam agora a escrever os enviados especiais das rádios e jornais que acompanham religiosamente as demais equipas portuguesas? Quantas páginas de glória seriam escritas, até sem tanto mérito mas com maior bajulação? Mas, enquanto engolirem em seco a sua bazófia e prosápia, estaremos contentes...

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