O guarda-redes Machado será dos primeiros grandes nomes da história vitoriana dos seus primórdios. Guardião de grande estampa física, defendeu as redes vitorianas nas suas primeiras grandes glórias como foram o momento da histórica subida de divisão em 1942 ou, ainda, a primeira participação na final da Taça de Portugal.
Porém, a sua chegada a guardião da equipa principal seria quase digna de algo inesperado, próprio daqueles tempos de pioneirismo que então se viviam. Na verdade, Ricoca, o primeiro grande guarda-redes vitoriano, ia sofrendo a inexorável acção do tempo, envelhecendo sem que se lhe alvitrasse o aparecimento de um substituto à altura. Como escreveu o jornal do Vitória de 15 de Maio de 1987, no seu obituário, "Alberto Augusto sabia-o melhor que ninguém."
Por isso, naquele ano de 1936, era urgente descobrir um guardião que desse garantias para os anos futuros. Porém, ninguém esperaria que "ao olhar para aquele corpulento rapagão, alto e espadaúdo, que apareceu para jogar a avançado e marcar golos (...) viu nele o homem desejado, isto é, aquele que tinha, em princípio, todas as condições ideais para poder vir a substituir o glorioso RICOCA."
A partir daí resolveu ocupar-se pessoalmente do jovem, desenvolvendo com ele um trabalho que foi considerado de insano, tal a aplicação nele colocado. A verdade é que o jovem que sonhava marcar golos, "prestou-se de bom grado e com trabalho e afinco a aprender a jogar com as mãos, com o corpo e a utilizar a cabeça, para que essa aprendizagem resultasse." A sua evolução seria tanta que "um mês depois (...) Machado treinava debaixo dos postes. e nós próprios, nos convencíamos de que Machado, com o tempo, seria um extraordinário guarda-redes", como o viria a ser até à temporada de 1949/50.
Como se concluía, "nesse tempo faziam-se os jogadores em vez de se comprarem", pelo que "Alberto Augusto tinha razão. Aquele rapaz, forte, obediente, pertinaz e decidido, tinha todas as características para ser um guardião formidável, como o seria...".