Aquela temporada de 2005/06 estava a ser um pesadelo. O regresso sebastiânico de Jaime Pacheco não estava a produzir os efeitos desejados e o conjunto vitoriano era uma manta de retalhos sem organização, numa espécie de amálgama de jogadores lançados à sua sorte e sem qualquer estratégia ou plano de jogo.
Por essa razão, pese embora alguns lampejos como a eliminatória europeia frente ao Wisla Cracóvia ou os jogos europeus frente ao Zenit ou ao Bolton, a verdade é que os Conquistadores deixavam muito a desejar, sem chama, sem magia e, acima de tudo, sem pragmatismo pelos necessários pontos.
Assim, quando o Vitória recebeu a União de Leiria, na ressaca da viagem a Sevilha, onde três mil adeptos viram os Conquistadores desabarem como um castelo de cartas em 39 minutos, período em que sofreram três golos, esperava-se que a equipa desse um safanão nesse marasmo que passava pelo facto de no campeonato em 11 partidas ter averbado 8 derrotas e só ter vencido por duas vezes.
Era verdade que do outro lado a orientar os homens do Lis estava o autodenominado "Mestre da Táctica", longe dos milhões dos dias de hoje, mas a verdade é que a partida tinha foros de determinante atendendo ao facto dos leirienses estarem no décimo quarto posto da tabela.
Contudo, a equipa composta por Paiva; Mário Sérgio, Dragoner, Cléber, Rogério Matias; Svard, Moreno, Benachour, Paulo Sérgio, Saganowski e Clayton, aos sete minutos, na reprise do filme de terror de Sevilha, já perdia por duas bolas a zero. Como escreveu o Notícias de Guimarães de 09 de Dezembro de 2005, "foram sete minutos de produção inconveniente para os afonsinhos, que, incrivelmente cometeram dois erros fatais na defensiva e que a União de Leiria aproveitou... pelo meio o Vitória ainda teve tempo para desperdiçar pelos pés de Moreno uma grande penalidade, que poderia ter alterado o rumo dos acontecimentos. Coisas de Jesus... o homem que salvou o Vitória à coisa de dois anos da descida de divisão."
Porém, se o Vitória falhou uma grande penalidade "...surpreendido com tal postura atacante dos leirienses, adormeciam na recuperação e depois desorientavam-se posicionalmente. Perdiam e não conseguiam uma entrega com discernimento." Com a equipa protagonista de um filme de terror, afectada por uma dolorosa inércia colectiva, "Paiva ainda teve tempo para defender uma grande penalidade", que evitou que os números atingissem ainda a proporção de um escândalo maior.
Contudo, a diferença de três golos parecia irrecuperável na segunda parte, como, efectivamente, o seria. Por isso, "depois dos quatro minutos de tempo extras habituais palmas que costumam brindar o esforço dos defensores do emblema, foram substituídas por lenços brancos, num evidente desconsolo com a situação que se vive...”
Instado a comentar sobre a contestação que era alvo, Jaime Pacheco, a antever o que se avizinhava, diria que "depois de uma derrota, não é o momento para falar do futuro. Vamos ponderar bem. O pior que podia acontecer, já aconteceu tudo. Temos uma convicção, é preciso trabalhar....Estarei para servir o Vitória, enquanto o Vitória quiser." Não quereria e no próximo jogo, em Penafiel, seria o malogrado Basílio Marques a orientar interinamente a equipa, enquanto Vítor Pontes se preparava... mas, isso será outra história!