COMO "UM HOMEM QUE CONHECE O CLUBE COMO POUCOS" ABRAÇAVA O MAIOR PROJECTO DA SUA VIDA NA ESTEIRA DO SEU PAI, FIGURA LENDÁRIA DO VITORIANISMO...

Estávamos no início de 1970.

O Vitória houvera experimentado, pela primeira vez, as andanças europeias e mudara de presidente. Fernando Roriz, o presidente que conduzira os Conquistadores ao primeiro terceiro posto da sua história, cessara funções, sendo substituído por Antero Henriques da Silva Júnior, filho de Antero Henriques da Silva, figura enorme do vitorianismo. Para entendermos a sua influência poderemos dizer que dava emprego na sua fábrica da Cruz de Pedra a muitos jogadores, foi figura preponderante para que o Campo da Amorosa surgisse, foi presidente do clube e, mesmo depois, de ter abandonado essas funções era quase obrigatório, antes de qualquer decisão relevante, falar com o Sr. Antero. Uma verdadeira reserva moral que, por isso foi merecedor da única medalha de ouro que o clube alguma vez ofereceu a alguém.

Quando faleceu deixou a semente do vitorianismo ao filho, igualmente, Antero e que em Janeiro de 1970 abraçou o maior desafio da sua vida: tornar-se presidente do clube do coração para dar seguimento ao trabalho realizado pelo já referido Fernando Roriz, sendo que em 1968 já houvera sido vice-presidente da Direcção e em 1969 presidente do Conselho Fiscal.

Por isso, na revista de Flama de Janeiro de 1970, o novo líder máximo vitoriano era apresentado, referindo-se a publicação ao novo líder como "um homem que conhece o clube como poucos." E por isso, sabia das dificuldades para igualar o feito do ano anterior, pois "é uma pesada herança para a equipa e para os novos corpos gerentes. Alguns projectos da anterior gerência passam a ser nossos. Recebemos o testemunho." Assim sendo, prometia que "vamos continuar a lutar pelo Vitória."

Luta essa que passava por alguns projectos. Estes atinham-se com o "ginásio de que necessita e disponha de iluminação no estádio municipal. Para o ginásio-sede, os terrenos já foram oferecidos pela Câmara. (...) Construindo um ginásio, o Vitória, que pratica uma série de modalidades, poderia ter assim o primeiro património e ganhar novo impulso para maior expansão." Quanto à iluminação, já existia um orçamento, sendo que o clube já tinha pedida subsídios às entidades oficiais.

Porém, existia um problema que terá sido transversal a todas as épocas do clube, já que " O Vitória vive em défice permanente. A sua situação financeira é sempre má. Vale-se dos bons amigos que possui e são muitos que dão uma ajuda."  Contudo, numa altura em que não se falava, nem se sonhava com investidores ou parceiros, "... precisamos de encontrar bases mais sólidas. Só com a ajuda de todos os vimaranenses o conseguiremos. E como a equipa de futebol é o barómetro, estamos já a pensar reforçá-la com vista à próxima época. Tentaremos arranjar um ou dois bons jogadores." Não sabia, contudo, que esse projecto que era ambicioso, com o regresso de Jorge Vieira, o arquitecto do terceiro posto em 1968/69, acabaria em susto... obrigando-o a "baralhar e a começar de novo", com a contratação de Mário Wilson, o "treinador da década de 70.

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