Aquela temporada de 2003/04 fora terrível, uma verdadeira desilusão.
Ao Vitória, que partira para aquele ano com tantos esperanças, tudo correra mal… desde as arbitragens, às derrotas, ao despedimento de Augusto Inácio, à morte de Féher ocorrida no relvado do D. Afonso Henriques, bem como aquele jogo frente ao Boavista que descambou de modo inesperado.
Porém, Jorge Jesus, o último treinador da era de Pimenta, haveria de conseguir minimizar danos. Miraculosamente vencer em Alverca com golo de Nuno Assis e na Amadora graças a uma cabeçada de Flávio Meireles, para chegar à última jornada com a cabeça fora do cepo, a acreditar numa manutenção que só deixaria de ser realidade em caso de derrota vitoriana e uma combinação de resultados que salvassem o Alverca ou o Belenenses.
Porém, aquela semana em que os Conquistadores iriam encontrar o Sporting foi ensombrada por uma "peregrina" decisão do Conselho de Disciplina da FPF que decidira castigar o Vitória com um jogo à porta fechada e que deveria ser esse perante os homens de Alvalade. Ora, como sabemos a equipa vitoriana sem os adeptos sente-se órfã, pelo que mobilizaram-se as forças vivas da cidade para que isso fosse evitado. Juntaram-se os adeptos para manifestações. E, mais do que isso, deu-se entrada de um procedimento cautelar com efeitos suspensivos da decisão que teria êxito. O conjunto, orientado por JJ, depois de uma das temporadas mais atribuladas da sua história, iria poder decidir a sua sorte em casa.
Assim, naquele dia 09 de Maio de 2004, naquele que seria a derradeira partida da presidência de Pimenta Machado, o Vitória entrou em campo com Palatsi; Abel, Marco, Cléber, Rogério Matias; Rui Ferreira, Flávio Meireles, Ivan Djurdjevic; Nuno Assis, Romeu e Guga.
Porém, a exibição vitoriana seria uma profunda desilusão. A equipa jamais conseguiu libertar-se da pressão, fazendo uma exibição abaixo do desejado e esperado.
Assim, os golos de Niculae e de João Pinto serviram para confirmar a debilidade do jogo dos Conquistadores, salvando-se, contudo, como escreveu o Notícias de Guimarães de 14 de Maio de 2004, que "tudo aconteceu numa sincronização perfeita. O Vitória garantiu a permanência no escalão máximo do futebol nacional, com uma ajuda preciosa dos resultados dos seus arqui-rivais na última jornada e do brio colocado em campo no passado mais recente." Assim, contou com a ajuda do SC Braga que triunfou no Restelo e do Moreirense que bateu o Alverca, ajudaram a que todos os presentes no estádio pudessem suspirar de alívio. Por isso, em vez de se gritarem os golos da equipa, "a cada golo entoado pelos milhares de rádios, colados aos ouvidos nas bancada, havia imediata festa, muitas vezes, até de forma caricata."
Assim, o Vitória saía derrotado, já que "quando se joga com os pés num estádio e a cabeça noutro(s), o futebol não pode sair construtivo”. Não o seria, mas no final "houve festa no balneário. Uma certeza confirmada pela demora de Jorge Jesus para a habitual conferência de imprensa" e pelo estado encharcado com que se apresentou. Porém, se os jogadores exultaram por não ficarem associados a uma despromoção, os adeptos celebraram de forma morna... na verdade, a derrota fora um anti-clímax só atenuado pela ajuda dos rivais de sempre!
No final, Jorge Jesus daria um ar da sua graça ao dizer que "acabou a época, podemos dizer que alcançamos os nossos objectivos. Quando aqui cheguei a equipa contava com 10 pontos e eu consegui fazer 27", para acabar com dois pontos acima dos lugares de despromoção.